A eleição representa a continuidade de uma tendência já verificada durante as eleições de 2020, quando sete presidentes haviam sido eleitas. Recentemente, a criação da Federação de Associações de Mulheres da Engenharia, Agronomia e Geociências – Fameag valorizou ainda mais esse processo.
As eleitas entrevistadas atribuem esse avanço à ampliação do Programa Mulher no Confea e nos regionais. “É um grande prazer poder acompanhar a evolução da participação feminina no Sistema Confea/Crea ao longo dos últimos anos. Comparando ao início da nossa gestão, em 2018, acreditamos que a evolução foi muito grande, tanto em termos de participação nos plenários e nos Regionais e nas Mútuas, como também na aproximação da identificação das profissionais com o Sistema e na reciprocidade estabelecida entre os profissionais do sexo masculino, que estão mais conscientes do papel das profissionais para o Sistema Confea/Crea. Acredito que a instalação definitiva do Programa Mulher possa ter sido o passo mais efetivo para a consagração desse processo, que encontra novas frentes sendo definidas em todo o país”, considera o presidente do Confea, eng. civ. Joel Krüger.
Para a atual presidente do Crea-RN, eng. civ. Ana Adalgisa, que manteve durante dois mandatos a tradição pioneira do regional, o Sistema mostrou na eleição desse ano “os frutos do Programa Mulher onde tivemos mais mulheres concorrendo, aumentando a participação no Colégio de Presidentes, com mais mulheres concorrendo também para conselheira federal e para a Mútua”. Honrada em ser a primeira conselheira federal do Rio Grande do Norte, após ser a terceira mulher a presidir o Regional, ela reconhece a importância do Programa Mulher para esse processo. Ana Adalgisa e ainda a conselheira suplente eleita pelo Crea-PE, eng. agr. Luísa Peruniz representarão as mulheres no plenário federal ao lado da eng. civ. Carmen Lúcia Petraglia, com o término dos mandatos da eng. mec. Michele Costa e da eng. agr. Andréa Brondani da Rocha, esta recém-eleita presidente da Mútua do Rio Grande do Sul.
Em 1994, o Crea- RN, elegeu a primeira presidente de Crea do país, a engenheira civil Zélia Maria Juvenal dos Santos. Em 2000, foi a vez da engenheira civil Elequicina Maria dos Santos, que também foi reeleita, a exemplo de Ana Adalgisa. “Tive a alegria de ter o apoio das ex-presidentes, mostrando a união do grupo. A gente está vendo que as lideranças do Crea-JR são mulheres, enfim, vê o interesse em participar do Sistema, em muito graças ao Programa Mulher. Vamos ser exemplos para que novas mulheres possam vir”, diz a nova conselheira eleita.
Entre seus desafios para a gestão, está o de “levar a transformação do Crea-RN com inovação, tecnologia, certificado digital, carteira digital, propagando isso no Sistema, que precisa estar mais próximo dos profissionais, mas também fazer com que o nosso Sistema tenha um reconhecimento na sociedade, ocupando seu lugar de protagonismo nas grandes discussões que envolvam a Tecnologia, obras de infraestrutura, irrigação, saneamento, habitação de interesse social e outras grandes discussões que passam pelas áreas da Engenharia e da Agronomia”.
Presidentes de Crea eleitas
Crea-AC | Eng. civ. Carmem Nardino |
Crea-AL | Eng. civ. Rosa Tenório |
Crea-AM | Eng. pesca Alzira Miranda |
Crea-DF | Eng. eletric. eletron. telecom. Adriana Resende |
Crea-MS | Eng. agrim. Vânia Mello |
Crea-PA | Eng. civ. Adriana Falconeri |
Crea-RS | Eng. amb. Nanci Walter |
Crea-SP | Eng. civ. Ligia Marta Mackey |
Conselheiras federais
Eng. civ. Ana Adalgisa | suplente eng. civ. eng. seg. trab Emerson Cruz – Crea-RN |
Eng. agr. Luísa Peruniz | suplente do eng. ftal. Nielsen Christianni – Crea-PE |
Processo longo
A engenheira agrônoma e engenheira de segurança do trabalho Luísa Peruniz, suplente do eng. ftal. Nielsen Christianni, representará o Crea-PE e considera que sua eleição “é um primeiro passo, mas a gente ainda tem muito a desenvolver”. Para ela, historicamente, a evolução tem sido grande. “Muitas mulheres acham que não, mas nós mulheres passamos por vários desafios. Na escola, no trabalho, na universidade e hoje em dia até para abrir uma empresa. A população não reconhece a mulher como capaz de exercer um bom trabalho. Nós temos que demonstrar a nossa evolução, a nossa força no dia a dia. Para os profissionais é mais difícil mostrar. Quando você se torna empresária, você já chega em uma posição diferente porque já ultrapassou uma barreira”, diz.
Sua expectativa é de ter muito a contribuir com seu mandato como conselheira federal. “Ser um espelho para várias mulheres e vários profissionais, servindo de motivação para atrair mais mulheres cada vez mais”, afirmou, ratificando um posicionamento descrito em sua posse, no último dia 13 de dezembro. “Acredito que a gente tem que dar mais apoio às alunas, às futuras profissionais, mas essa educação tem que começar na base, na infância”, sugere.
Luísa Peruniz reconhece a necessidade de aprofundar-se melhor em torno do papel do Programa Mulher. “Vou me espelhar nesse programa para estar cada vez mais ativa. É muito importante a equidade de gênero. Várias empresas têm buscado essa ação, é uma tendência fundamental. Acredito que o sucesso dos números do Programa Mulher será continuado. Cada uma que assume um cargo no Sistema precisa motivar cada mulher e conscientizar também os homens. Há um processo longo até chegar a colocar numa posição de liderança, posto em que muitas delas ainda não se veem”.
Uma das propostas de seu mandato, ressalta, é valorizar essa participação. “Vou dialogar com os profissionais, com os conselheiros para a partir daí trazer mais ideias, entendendo as dificuldades na universidade e em todas as áreas. Temos que fazer muitas ações nesse sentido”, diz, informando que pretende contribuir com o Sistema também em suas áreas, a Agronomia e a Segurança do Trabalho, com foco na gestão ambiental e no desenvolvimento sustentável da agroindústria. “Entendo a necessidade e o potencial de cada região, olhando para cada setor”.
Sem distinções
Também reeleita, a presidente do Crea-AC, eng. civ. Carmem Nardino, valoriza, a exemplo da presidente Ana Adalgisa, o papel do Programa Mulher para o reconhecimento, não apenas das lideranças, mas para o destaque de todas as profissionais que fazem parte do Sistema. “Entendo que essa evolução é o resultado do diálogo, do espaço que foi aberto para a liderança feminina no Sistema. Tivemos o Programa Mulher que deu uma visibilidade ao trabalho da profissional mulher no Sistema, tanto as lideranças, como as que fazem o dia a dia de suas profissões no Sistema. Isso foi um fator que ajudou muito a incrementar esse número, que já vem crescendo desde a eleição passada, quando aumentamos de quatro para sete o número de presidentes eleitas”, diz.
Para ela, buscar a equidade de gênero representa uma conduta que prescinde de realizar quaisquer distinções entre os desempenhos segundo os gêneros. “Acho que não há qualquer diferença nas características das atuações. Não acho necessário destacar nenhum diferencial a mais. Não queremos ser melhores. Queremos ser iguais em oportunidades, iguais em responsabilidades e iguais em reconhecimento do trabalho que nós desenvolvemos”, ressalta.
Carmem Nardino considera ainda que os desafios da continuidade de seu mandato para o próximo triênio são muitos. “Trazer a engenharia para a ordem do dia, no sentido de mostrar a sociedade o nosso papel para a sua proteção e para que ela enxergue na nossa profissão um fator de desenvolvimento para o nosso país. Esse resgate da credibilidade do Sistema perante a sociedade tem que estar em evidência durante essa gestão”, comenta a presidente reeleita do Crea-AC.
Diretora Geral da Mútua
Mútua-BA | Eng. civ. Grace Monteiro |
Mútua-GO | Eng. civ. Tatiana Jucá |
Mútua-MG | Eng. civ. Júnia Neves |
Mútua-MT | Eng. civ. Marciane Curvo |
Mútua-RS | Eng. agr. Andréa Brondani da Rocha |
Diretora administrativa da Mútua
Mútua-AC | Eng. agr. Soraya Lima |
Mútua-MT | Eng. sanit. e eng. seg. trab. Suzan Lannes de Andrade |
Mútua-PA | Eng. ftal. Milena Pepper |
Mutua-PB | Eng. civ. Virgínia Barroca |
Mútua-RJ | Eng. civ. Ana Paula Masiero |
Mútua-RO | Eng. agr. Vaneide Rudnick |
Mútua-SC | Eng. civ. Núbia Ferreira da Luz Viezzer |
Mútua-TO | Eng. agr. Cleonice Barbaresco |
Diretora financeira da Mútua
Mútua-AP | Eng. civ. Abigail da Silva Pantoja |
Mútua-RN | Eng. agr. Lindalva Dantas Barreto Nobre |
Mútua-RR | Eng. civ. Ívina Etelvina da Silva Sanches |
Mútua-SC | Eng. civ. sanit. e amb. Roberta Maas dos Anjos |
Mútua-SP | Eng.civ. e seg. trab. Cláudia Aparecida Ferreira Sornas Campos |
Reconhecimento
Para a presidente do Crea-AL, eng. civ. Rosa Tenório, nos últimos anos, os números indicam um maior envolvimento das mulheres, não apenas no processo eleitoral do Sistema Confea/Crea e Mútua, mas em todo o processo de politização social. “Dentro dos Conselhos de Engenharia, a participação feminina tem se intensificado cada vez mais. Um exemplo disso é que, antes da minha primeira eleição, tínhamos apenas quatro presidentes mulheres. Em 2020, esse número aumentou para seis e no pleito de 2023 garantimos oito presidentes mulheres para o triênio 2024-2026. Minha avaliação é que tudo isso faz parte de uma mudança cultural que evolui lentamente, consolidando ainda mais a participação feminina”.
Reeleita, Rosa considera ainda que a instalação do Programa Mulher nacional tem dado voz a muitas profissionais, “lembrando que estamos em um conselho onde 80% são homens”. Em Alagoas, acrescenta, sua gestão tem buscado inovar nas ações do conselho. “A categoria compreendeu nossa intenção de executar um projeto exitoso que se aproximou dos profissionais da Engenharia, Agronomia e das Geociências”, afirma.
Ela valoriza ainda a criação de projetos que hoje são referência nacional entre os conselhos, como o Crea Até Você, que percorre todo o Estado de Alagoas garantindo fiscalização, capacitação e atendimento aos profissionais do Sistema. “Também temos o Descomplica Crea, com foco em nossos estudantes, e o Crea Qualifica, que assegura mais qualificação aos profissionais habilitados. Os jovens também entenderam esse novo momento do conselho e, unindo-se a esses outros fatores, conseguimos garantir nossa reeleição por mais três anos. Isso nos enche de orgulho, não pela questão de gênero, mas pelo trabalho sério e pelos resultados que obtivemos até agora”, acrescenta a presidente do regional alagoano.
Competência valorizada
Na visão da presidente eleita do Crea-SP, eng. civ. Lígia Marta Mackey Crea-SP, a evolução da participação feminina no Confea é “muito perceptível, pelo número de mulheres presidentes eleitas, quando quase um terço das presidentes são mulheres”. Para ela, “além de fomentar ações para capacitar e mostrar a competência das mulheres, em igualdade de condições com os homens, o Programa Mulher tem o intuito de fomentar a participação feminina no Sistema, o que vem ajudando na eleição das presidentes. A gente vê que o Programa está mostrando que as profissionais têm capacidade de chegar a cargos de liderança”. Ela considera que o Programa Mulher tem potencial de crescimento e ampliar a equidade de gênero no Sistema, em conformidade com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas.
Oriunda da Associação de Engenharia, Arquitetura, Agronomia e Geologia de Rio Claro (AERC) e tendo ocupado nos últimos anos a vice-presidência do regional e ainda a Diretoria de Entidades de Classe, a gestora eleita para liderar o regional com maior quantidade de profissionais registrados no país se refere a dar continuidade ao projeto executado pelo presidente Vinicius Marchese, eleito presidente do Confea. “É continuar com todo o trabalho, melhorar tudo isso, trabalhando para o profissional. É a gente entender e atender efetivamente aos anseios de todos os profissionais. Temos 350 mil profissionais e 95 mil empresas registradas no Conselho. Então, vamos buscar trabalhar para atingir os profissionais, dando continuidade e melhorando o trabalho que já vem sendo feito”, ressalta Lígia.
Saldo positivo
Para a presidente reeleita do Crea-RS, eng. amb. Nanci Walter, “o estado mais machista do país”, quarto em número de profissionais registrados (70 mil) ganhou com a equidade de gênero incentivada nos últimos anos. “Embora ainda não tenhamos alcançado o índice nacional de 20% de participação feminina, somos 18% dos 70 mil profissionais registrados, acredito que o saldo seja positivo e um dos símbolos desse momento é a criação do Crea-Júnior, possível apenas no início deste ano. Temos uma coordenadora adjunta, o que já representa um início significativo para uma entidade que fará essa aproximação com os acadêmicos”, diz a gestora, defendendo a equidade sem segregação e valorizando a atuação das sete presidentes em atuação no Sistema no último triênio como fator para o incremento desta participação nas eleições deste ano, referindo-se inclusive a candidatas não eleitas.
Mãe de uma acadêmica de engenharia civil, recém formada em Arquitetura e Urbanismo, Nanci Walter pondera que até este ano ainda não havia sido possível constituir uma diretoria com equidade de gênero no regional. E descreve seu ponto de vista sobre a atuação feminina no Crea-RS e no Sistema. “A gente não fica na disputa de querer ser melhor que os colegas. A gente precisa se esforçar mais para mostrar que é mais eficiente, temos que mostrar mais trabalho. Ainda existe isso. As cobranças são diferentes, em relação a outros engenheiros, por ser engenheira nesta função”.
A contribuição do Programa Mulher é destacada pela presidente como uma “ferramenta de comunicação com os Creas”, que precisa alcançar ainda mais o universo feminino, mas também o universo masculino. “É um programa indutor que veio do Federal pronto para a gente buscar outros meios de comunicação com as escolas. Está em amadurecimento”, diz, destacando a atuação, durante alguns anos, do funcionário do Crea-RS, eng. quim. Marino Greco, no Comitê Gestor do Programa Mulher, no Confea.
“Podemos ter um momento de fala e de inserção em outras pautas. Precisamos ter essa ferramenta de comunicação com qualquer outra entidade. Isso facilita o engajamento até mesmo com meninas em escolas”, diz, destacando a abordagem desenvolvida durante a 78ª Soea, em Gramado, em 2023, e considerando que, ao representar o Colégio de Presidentes no Comitê, em 2021, ela se comprometeu que todos os Creas viessem a participar do Programa, dobrando a quantidade até então. “E consegui”, frisa.
“Gosto de agregar. Sempre considero que o nosso Sistema precisava amadurecer, por isso o Crea não havia tido nenhuma mulher na presidência. A gente não faz um trabalho sozinha ou sozinho. A mulher tem esse perfil de agregar”, diz, elogiando a atenção da astronauta e engenheira mecânica Aprille Joy Ericson que “estendeu sua solidariedade às meninas carentes do Rio Grande do Sul” durante a Soea. Em continuidade à atuação do regional durante a Semana Oficial, Nanci
Walter se compromete a ir além da valorização do ensino médio. “Estar presente no ensino médio e na colação de grau é nossa obrigação, mas não basta. Agora, nosso público-alvo tem que ser o oitavo, o nono ano e ainda mais para trás. Temos que construir uma comunicação disruptiva com esse público de crianças e adolescentes, fora da nossa caixinha”.
Entre os desafios para a ampliação da participação feminina no Crea-RS, está a dificuldade em formar uma diretoria paritária. “Apenas nesse último ano consegui ter uma geóloga e uma engenheira e os outros dois colegas engenheiros. Porque são poucas mulheres nas câmaras especializadas para compor a diretoria e algumas estavam em posição de coordenadoras das suas respectivas câmaras. A gente tem que incentivar cada vez mais a participação nas instituições de ensino e nas entidades para que venha para o Crea. Mas nós aumentamos o número de inspetoras, hoje são cerca de 33%. Nós agora vamos ter um indicador sobre essa participação feminina no Conselho”, diz.
Equidade
Após conduzir um “mandato tampão” por nove meses, decorrente do falecimento do presidente eng. civ. Carlos Renato Milhomem Chaves, a engenheira civil Adriana Falconeri foi eleita para o primeiro mandato integral de uma mulher à frente do Crea-PA. Integrante do GT da COP-30, evento das Nações Unidas a se realizado em Belém em novembro de 2025, ela considera que a importância da Engenharia e das Tecnologias para as demais atividades profissionais será destacada no evento, inclusive como forma de reduzir as dificuldades logísticas do estado. “Essa oportunidade para o Estado do Pará vai exigir que estejamos preparados para auxiliar que esse evento aconteça com sucesso. O Crea Norte sugeriu a criação desse grupo para que a gente crie as possíveis soluções para as problemáticas relacionadas a um evento desse porte. E a gente precisa estar nesta pauta também porque a mudança climática envolve todas a profissões. O Crea precisa ser uma grande ferramenta em prol das estratégias para solucionar as problemáticas, por isso a gente precisa estar no comitê que vai organizar a COP a fim de evitar um grande desastre”, diz.
Funcionária do Crea-PA e primeira coordenadora do Programa Mulher no regional, ela acredita que o novo presidente do Confea, eng. telecom. Vinicius Marchese, dará continuidade ao êxito do Programa no regional paulista. “O Programa Mulher no Crea-SP é muito forte, a exemplo de outros programas como o Crea Jovem”. Em relação à atuação no Pará, ela descreve que as inspetorias passaram a ter um comando multiprofissional e com duas lideranças, constituídas por um homem e uma mulher. “Justamente para oportunizar a participação das mulheres. Buscamos essa equidade também na nossa diretoria e esse foi o primeiro ano em que nós temos três mulheres dos sete diretores, também de várias profissões. É importante também que a gente leve o Programa à universidade e às escolas, entre outros temas como a ética profissional e o registro de empresas. Para isso, precisamos reduzir os problemas de logística e investir firme em comunicação, como estamos fazendo, para falar o básico sobre o Crea”, afirma.
Igualdade de oportunidades
“A evolução da participação feminina nas eleições do Confea é um marco histórico e um reflexo do reconhecimento da competência e capacidade das mulheres nas áreas de Engenharia, Agronomia, Geociências e Tecnologia. É uma demonstração de que estamos progredindo em direção à igualdade de gênero nessas profissões. Acredito que essa evolução é essencial, pois traz perspectivas e contribuições inovadoras para a gestão do Confea. As mulheres têm uma visão única sobre as questões que afetam nossa sociedade e nossa profissão, e sua presença em cargos de liderança é enriquecedora, tanto nas discussões, como nas decisões”. Assim a engenheira eletricista Adriana Resende define a atuação feminina no Sistema, prestes a ser a nova presidente do Crea-DF.
Integrante da Associação de Mulheres Engenheiras, Agrônomas e Geólogas – Ameag, ela pondera que, apesar do “grande respeito” pelo Programa Mulher, não utilizou o programa como instrumento em sua campanha. “Não procurei ajuda ou influência específica do programa. Minha candidatura foi baseada em propostas e na minha visão de fortalecer o Crea-DF em benefício de todos os profissionais, independentemente de gênero. Estou comprometida em promover a igualdade de oportunidades e a participação ativa de todas as mulheres nas áreas técnicas e na gestão do Conselho”, comenta.
Para Adriana Resende, assumir a presidência do Crea-DF “é um desafio que envolve competência e determinação. Tenho plena consciência da responsabilidade de liderar uma instituição tão importante para os profissionais das áreas técnicas”. Entre seus principais desafios, descreve, estão promover a valorização profissional, a transparência na gestão, a modernização dos processos e a representatividade dos profissionais no Crea-DF. “Vou trabalhar incansavelmente para fortalecer nossa entidade, garantindo que ela seja uma referência em defesa dos interesses dos profissionais e da sociedade. Além disso, enfrentaremos desafios específicos, como a melhoria da fiscalização, a promoção de oportunidades de capacitação e a aproximação do Crea-DF com as demandas da sociedade. Estou comprometida em superar esses desafios em parceria com os profissionais, nossos conselheiros e comissões, sempre com transparência, ética e dedicação”.
Participação crescente
Presidente eleita do Crea-AM, a ex-conselheira federal (2020-2022) engenheira de pesca e engenheira de segurança do trabalho Alzira Miranda também será a primeira mulher a presidir o regional, a partir de janeiro. “Na época em que fui eleita, como suplente, era a única mulher naquele ano de 2020. Depois disso, a gente contou com mais quatro mulheres, as conselheiras engenheira mecânica Michele Costa e es engenheiras agrônomas Andréa Brondani, titular, e Márcia Laino, suplente, além da geóloga Marjorie Nolasco, suplente da Michele. Houve um aumento expressivo. Mas o mais legal é que nós chegamos participando do Programa Mulher, no regional, em 2021. Virei coordenadora do Programa Mulher no Crea Amazonas”, diz.
Em 2021, a organização feminina no regional pleiteou a fundação da Afeag-AM. “É a primeira entidade de classe puramente ligada à Engenharia, sou presidente desde a fundação. Com a perspectiva de aumentar a participação feminina. Isso foi tanto que a gente conseguiu ter a participação de professoras no Programa Mulher. Hoje temos representantes de todas as classes, de entidades, de profissionais liberais, de instituições de ensino, de Crea-Júnior, de Crea-Jovem, da diretoria. Uma série de importantes líderes femininas que podem agregar ao Crea-AM”, argumenta Alzira.
Eleita tendo ainda o desafio de ser de uma engenharia com menor quantidade de profissionais no Sistema, a engenheira de pesca comenta ainda que sua gestão à frente do Programa Mulher do Crea-AM acompanhou o incremento desta participação nas entidades de classe puras, de uma única modalidade de Engenharia. “Ampliamos essa representatividade também nos GTs. Desde a criação do Programa Mulher, todos os pleitos foram pensados para ele dar suporte, o que foi dado. Criamos também a Ameag (Associação de Mulheres Engenheiras, Agrônomas e Geólogas) e agora a Federação, a Fameag, de que faço parte da diretoria. Essa participação cresceu e se destacou. Temos agora esse aumento do número de presidentes de Crea, o que foi uma conquista do Programa Mulher do Norte. Eu e Adriana (Falconeri, presidente do Crea-PA) éramos coordenadoras”, ressalta.
Sobre o fato de ser a primeira mulher a presidir o regional em 49 anos de sua história, Alzira Miranda considera que, “apesar de ter história pelo Programa Mulher, procuramos mostrar na campanha que o Programa não era sexista, era para vislumbrar a participação feminina e que houvesse a oportunização de novas frentes de trabalho, como a das mulheres engenheiras para o empreendedorismo. Infelizmente, encontramos algumas falas e atitudes machistas, de homens e de mulheres. Homens que diziam que não votariam porque era mulher, mesmo dando conta do recado. E algumas mulheres diziam que eu era de uma modalidade muito pequena. Tentaram me desabonar de tudo o que era forma, dizendo que eu faltava minhas aulas para fazer campanha. Mas a maioria das pessoas que votou em mim é de profissionais que estiveram perto de mim, fui coordenadora de cursos de graduação, na modalidade civil e na segurança do trabalho, formei mais cinco mil profissionais. A sensação é de ter sido reconhecida pelos ex-alunos e pelos meus pares e de outras modalidades”, afirma.
Segundo Alzira, a intenção é fortalecer a participação feminina no Regional por meio do Programa Mulher e de outros instrumentos para trazer mulheres para o Crea. “A ideia é viabilizar outras entidades que possam fortalecer a participação feminina, formando novas líderes que possam dar destaque, sejam elas voltadas ao plenário ou para as câmaras ou GTs, de diversas modalidades. Incentivando outras a se tornarem lideranças. Mostrar trabalho para que o reconhecimento seja trazido de forma espontânea”, diz, reconhecendo que terá dificuldade em formar uma diretoria com equidade. “Hoje a participação feminina no Crea-AM não chega a 10 por cento. No plenário, não chega a 5%. Vamos fazer o possível para termos mais conselheiras. Essa é a ideia”.
Mais inspiradas
“Para a próxima gestão, 2024-2026, seremos oito mulheres presidentes de Crea, tendo uma crescente. E temos também a primeira mulher do Crea-RN a ocupar o cargo de conselheira federal, a presidente Ana Adalgisa. A gente percebe que as mulheres estão almejando esses cargos, que sempre estiveram disponíveis em nosso Sistema. Eu sempre digo que não existe dificuldade para a participação da mulher entre a Engenharia, a Agronomia e as Geociências. Acho que somos nós mulheres mesmas que não nos sentíamos incentivadas e inspiradas a ocupar esses cargos. Então, é muito grande a importância do Programa Mulher, a importância dessas novas líderes que estão surgindo, não só dentro dos Creas, mas também como conselheiras federais, na Mútua e nas Mútuas regionais, com as mulheres ocupando esses espaços. Eu sempre digo que nós que estamos nesses cargos somos inspirações para outras mulheres que também têm vontade de contribuir com o Sistema, com o seu olhar diferenciado, esse olhar feminino, esse olhar mais acolhedor, para contribuir com o sistema profissional. E essa contribuição é muito significativa”, descreve a presidente eng. agrim. Vânia Mello, reeleita para estar à frente do Crea-MS.
Para ela, “quando os cargos são ocupados por mulheres, rodeadas por homens, somando para que a gente possa fazer essa construção, as coisas acontecem de uma forma mais humanizada e também de uma forma mas compensada”. Vânia Mello considera que a integração entre o “olhar feminino e acolhedor” e o “posicionamento masculino” proporciona um “equilíbrio” no tratamento das ações e entregas voltadas para os profissionais, independente de serem homens ou mulheres. “Nós também implantamos o Programa Mulher aqui no Mato Grosso do Sul. E as mulheres que participam são inspirações para outras mulheres, que se veem representadas por elas, o que possibilita que elas também busquem ocupar esses espaços”, reforça.
Primeira candidata a presidência em 44 anos de existência do regional sul-mato-grossense, Vânia afirma que já é perceptível a ampliação da participação feminina em suas atividades. “Sempre busco incentivar essa participação das profissionais para que a gente busque construir juntas essa gestão de equidade, de ações semelhantes para que a gente possa sedimentar esse espaço. Então, essa participação é muito importante. Hoje, nós já temos aqui no nosso conselho profissional essa participação da mulher, e as jovens profissionais já estão vendo a importância dessa contribuição em nosso estado”, diz.
O fato de que quatro das 20 entidades de classe da Engenharia, Agronomia e Geociências estejam sendo atualmente presididas por mulheres é considerado um exemplo da evolução desse processo em favor da equidade de gênero. “Apesar de sermos um estado pequeno em número de profissionais, de associações, de entidades de classe, essa participação está sendo bastante buscada pelas mulheres, assim como a maior participação no plenário, como conselheiras”, diz, informando que atualmente há 12 conselheiras entre os 44 integrantes do plenário.
Fonte: Confea