Por causa do movimento da Terra em torno do Sol, um ciclo lunar completo (por exemplo, de uma até a outra Lua cheia) dura, para um observador na Terra, aproximadamente 29,5 dias. Esse período é chamado de período sinódico ou lunação.
Para nós, aqui na Terra, durante a lunação, a Lua assume diferentes aspectos. Foi Aristóteles (384 – 322a.C.) quem primeiro registrou a explicação correta para o fenômeno das fases da Lua como sendo resultado de ela ser iluminada pelo Sol, e não, como muita gente ainda crê, de ela ser um corpo luminoso.
Quando o Sol e a Lua estão situados em lados opostos em relação à Terra, a Lua fica “cheia” como um disco brilhante. É aquela lua que nos dá vontade de virar boêmios, lobos e até vampiros. No sentido figurado, é claro. Em geral, temos a impressão de que a Lua cheia é a melhor fase para observar pormenores da superfície lunar. Ledo engano. A intensidade da luz nessa fase é tanta que somente vemos zonas claras em diferentes intensidades. A melhor fase para observação das irregularidades da Lua é no quarto crescente. Digamos, “a media luz”. Tudo fica melhor “a media luz”, como no delicioso tango de Carlos Gardel. Cantor que a cada dia canta melhor, conforme “crença” pitoresca dos “hermanos”.
Voltando “ao mundo da lua”, uma lunação compreende as seguintes fases: nova, crescente, quarto crescente, gibosa, cheia, balsâmica, quarto minguante e minguante. A Lua gibosa (corcunda) ocorre na mudança de quarto crescente para cheia; e a Lua balsâmica é visível na transição de cheia para quarto minguante. Nessas fases, a Lua fica com o aspecto de quase cheia, porém com a forma de um redondo desengonçado. Com aquele jeitão meio ovalóide, como ficavam as bolas de capotão do tempo da minha infância.
Ao final do ciclo minguante, no início da Lua nova temos três noites sem lua. Nesse período a Lua somente é vista durante o dia, nascendo e se pondo aproximadamente junto com Sol. Esse fenômeno de três noites sem lua é, em diferentes culturas, a gênese de rituais religiosos para nascimentos e mortes e de temas referentes a desaparecimentos e ressurgimentos.
A partir da Lua cheia, o quarto crescente depois da Lua nova acontece no décimo sétimo dia. É por isso que o dezessete é visto em diversas culturas como o número de uma nova esperança. Noé, por exemplo, aportou sua arca no Monte Ararat no décimo sétimo dia do sétimo mês do dilúvio. Jesus é mencionado na Bíblia, sendo batizado no rio Jordão, dezessete anos depois do último relato sobre sua infância, aos 12 anos. E também consta que o milagre de Pentecostes foi testemunhado por pessoas de dezessete povos.
O 17 pode ser considerado oculto no Santo Rosário completo. Isso porque a Ave Maria é rezada 153 vezes. E 153 é a soma de 1 até 17, resultado também de nove vezes dezessete.
Sabe-se lá se as nossas avós tinham conhecimento disso…
Adalberto Nascimento
(⭐6/6/1946 | ➕1/7/2019)
Engenheiro civil graduado pela Poli-USP (1972), pós-graduado na área de Transportes, atuou como engenheiro, consultor e professor universitário.
Foi o associado n.º 1 da AEASMS, servidor municipal de carreira, ex-secretário de Edificações e Urbanismo (1983/88), de Transportes e presidente da Urbes (1993/96).
Escritor, autor de livros de crônicas e curiosidades matemáticas e membro da Academia Sorocabana de Letras. Além de publicados pelo jornal Cruzeiro do Sul, entre outros veículos, seus artigos ilustraram e continuam ilustrando o conteúdo deste site “Coluna do Dal e Desafio do Prof.º Dal”.