Se você é estudante de engenharia ou um jovem recém-formado, olhe para o lado. O colega que está fazendo um curso de graduação em IA já está na sua frente. A revolução que começou com o ChatGPT não é um modismo passageiro; é uma reconfiguração total do mercado de trabalho. E para o engenheiro, cuja formação é baseada na aplicação de ciência para resolver problemas, isso representa tanto a maior ameaça quanto a maior oportunidade da última década.
Universidades nos Estados Unidos e no mundo todo estão lançando programas de graduação em IA, pós-graduação e outras certificações relacionadas e com demanda crescente. A Universidade do Texas em Austin lançou seu mestrado online em IA em 2024 e, em apenas dois anos, já conta com 1.500 alunos matriculados — mais do que o dobro do segundo curso mais popular da instituição.
Na Universidade de Michigan em Dearborn, o programa de mestrado em IA cresceu de 21 alunos em 2021 para 172 em 2025. A expectativa é que haja muita demanda para que as empresas integrem a IA aos seus sistemas atuais. Então, os engenheiros de software precisam saber como fazer isso. Mas não é só para engenheiros de software. A IA está invadindo todos os setores. Médicos, enfermeiros, professores e, claro, engenheiros de todas as áreas estão buscando formação para não apenas usar a tecnologia, mas dominá-la.
Por que a graduação em IA vale a pena?
A resposta está nos dados. Um relatório recente da PricewaterhouseCoopers (PwC) mostra que trabalhadores com habilidades em IA ganham 56% a mais do que os que não têm. Além disso, o Fórum Econômico Mundial aponta que IA, Big Data, cibersegurança e alfabetização tecnológica serão as habilidades mais valorizadas nos próximos cinco anos. A IA está mudando empregos. A proposta de valor do ser humano está evoluindo, então as habilidades precisam evoluir.
Isso significa que o engenheiro do futuro não será apenas aquele que projeta estruturas ou otimiza processos, mas aquele que sabe integrar IA ao seu fluxo de trabalho, que entende algoritmos, que pode treinar modelos e interpretar resultados. É o profissional que usa a IA para amplificar sua criatividade, não para ser substituído por ela.
Engenharia e IA
Para um estudante ou jovem engenheiro, a graduação em IA pode ser um divisor de águas. Não se trata apenas de aprender a programar, mas de entender como a Inteligência Artificial pode ser aplicada para resolver problemas reais, antecipar falhas, otimizar recursos e criar produtos inovadores. Áreas tradicionais da engenharia, como Engenharia de Produção, Civil, Mecânica, Elétrica ou de Software, já começam a integrar a IA em suas soluções. E o futuro demanda profissionais que conheçam bem as ferramentas digitais e saibam utilizá-las para aumentar a eficiência e a sustentabilidade dos empreendimentos.
Como ingressar em uma graduação em IA mesmo já formado?
Como começar? Não existe uma fórmula única, mas um caminho! Atualmente, há diversas opções para quem busca se especializar em IA. Cursos de curta duração e certificações online, como plataformas reconhecidas oferecem treinamentos focados em alfabetização em IA. Programas de atualização oferecidos por empresas. Além disso, várias iniciativas públicas e privadas no Brasil começam a incorporar a IA nos currículos dos cursos de engenharia. Ficar atento a essas oportunidades é essencial para não ficar para trás.
Para o estudante de graduação: Sua maior vantagem é o tempo. Busque uma dupla formação, uma pós-graduação lato sensu (especialização) ou uma matéria optativa em IA. Já existem graduações específicas em Engenharia de IA surgindo. Construa seu TCC e estágios em cima de aplicações de IA para sua engenharia de origem.
Para o recém-formado (até 5 anos de formado): Você tem o conhecimento técnico fresco e já entende um pouco do mercado. Um mestrado profissional em IA é o caminho mais estratégico. É intensivo, direto ao ponto e te coloca no mercado como um expert em formação. Para o profissional consolidado: Uma segunda graduação pode ser inviável. Aqui, os MBAs e especializações de curta-duração com foco em aplicação prática na sua indústria são a melhor saída.
O que é preciso aprender
Um curso em IA vai muito além de programação. Ele ensina: como funcionam os algoritmos de aprendizado de máquina; como aplicar IA em simulações, manutenção preditiva e automação; pensamento ético e responsabilidade no uso de tecnologias; resolução de problemas com apoio de ferramentas de IA e como fazer as perguntas certas — porque fazer as perguntas certas é o gargalo.
O futuro da carreira em engenharia
Atualmente, setores inteiros do mercado estão incorporando IA a suas operações, desde indústrias automotivas até energia nuclear, marketing e saúde. Neste cenário, profissionais com formação em IA estão preparados para ocupar posições de liderança em inovação, integrar sistemas inteligentes e criar soluções que antes pareciam impossíveis. Ou seja, engenheiros que adotam a IA como aliada têm uma vantagem competitiva significativa.
Uma característica fundamental para se destacar com a IA é a curiosidade. Ao contrário do que muitos pensam, dominar a IA não significa apenas saber usar ferramentas automáticas, mas saber fazer as perguntas certas para extrair o máximo valor dessas tecnologias. O pensamento crítico, aliado à capacidade de inovação e à mentalidade ética, permitirá que o engenheiro do futuro não seja substituído por máquinas, mas sim sua peça-chave, combinando ciência, tecnologia e sensibilidade humana.
Para se manter competitivo
Se você é um estudante ou jovem engenheiro, algumas estratégias extras podem ajudá-lo a se preparar para o mercado de trabalho transformado pela IA: aprofundar-se em áreas complementares: Big Data, cibersegurança e automação são habilidades altamente demandadas que se beneficiam da aplicação de IA; aprender por conta própria: plataformas como OpenAI e Anthropic oferecem cursos gratuitos sobre alfabetização em IA. Aprender a usar essas ferramentas de forma prática e ética é essencial; focar na resolução de problemas: a curiosidade e a habilidade de fazer as perguntas certas são cada vez mais valorizadas no trabalho com IA; participar de estágios e projetos práticos: experiência real com projetos que envolvem IA, como desenvolvimento de robótica ou otimização de processos, aumenta a competitividade no mercado. Fonte: https://engenharia360.com/