Nesta quarta-feira (22), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), de São Paulo, recebeu engenheiros, arquitetos, técnicos, analistas, estudantes e profissionais sêniores responsáveis pelo planejamento e execução de obras do país, que participaram do ISO BIM Industry Day 2025. O evento faz parte da Semana da Plenária BIM do ISO e apresentou painéis que abordaram o estado da arte do que vem sendo feito no Brasil, na Europa e em outros locais, sobre a aplicação do BIM – Modelagem de Informação na Construção – em seus mais variados contextos e territórios.
Considerado dos mais relevantes do ano para o setor, o ISO BIM Industry Day, contou com a presença participação de representantes de alguns dos mercados mais importantes do mundo para a categoria, tais comoInglaterra, países nórdicos e Estados Unidos, entre outros.
Líderes, pesquisadores e profissionais de peso de entidades como: ISO, ABNT e ANAC – incluindo o time internacional de especialistas e consultores do BIM – formaram o quórum qualificado, escolhido para dialogar com as equipes da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) e da Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação do Governo de São Paulo.
A abertura foi realizada pelo engenheiro civil Abner Rodrigo Toledo Maria – coordenador do grupo de trabalho do BIM pelo Crea-SP – que representou a presidente do Conselho, engenheira Lígia Mackey. “Temos o enorme desafio de atrair e reter jovens para o futuro da construção, e ao mesmo tempo, concorrer com a economia digital. Se falharmos nisso, vamos experimentar um indesejado período de atraso tecnológico”, refletiu.
De acordo com Abner, os cursos de Engenharias têm enfrentado quedas consistentes nas matrículas de 2015 até 2023, segundo o último relatório disponibilizado pelo Ministério da Educação – MEC. “Não existem avanços realmente significativos sem a contribuição do capital humano. Porque somos uma sociedade feita de pessoas e por pessoas. Estamos aqui, também, para mostrar à sociedade que a excelência do corpo técnico do BIM – e todo este repertório de normas e orientações -, são aliados da inclusão social. A verdadeira inovação está próxima do cidadão comum e de suas necessidades, sonhos e possibilidades de desenvolvimento”, endossou a arquiteta urbanista Maria Teresa Diniz – diretora da CDHU do Estado de SP e consultora de políticas urbanas.
O advogado e economista Reinaldo Iapequino, presidente da CDHU, comentou em primeira mão no evento que cerca de 1,5% do orçamento da Companhia é dedicado à inovação. “Estamos criando uma nova cultura de matriz científica nos fundamentos da habitação popular. E o corpo teórico do BIM, sem dúvidas, é parte decisiva neste enorme esforço. Temos a clareza e o otimismo de que as grandes transformações vêm com o tempo”, completou.
Na sequência, o Arq. Urb. João da Motta Gaspar – mestre em Arquitetura e Urbanismo pela Unicamp e representante da Comissão de Estudo Especial 143 (CEE-134) e o engenheiro Mario William Esper, presidente da ABNT, trouxeram uma atmosfera de vivências, relacionamentos duradouros e peso histórico para o evento, entre outras contribuições. “Podemos afirmar que a adoção estratégica do BIM é o recurso mais importante para desbloquear todo o potencial dos mercados de Engenharias e Arquitetura do Brasil”, afirmou Mario William. “E como eu tenho orgulho de dizer a vocês que o nosso país conquistou o seu lugar entre os protagonistas na esfera da Organização Internacional de Normalização, um fenômeno que começou a se tornar realidade após a importante consolidação da Lei de Liberdade Econômica (outorgada em setembro de 2019)”, comentou.
O Hemisfério Sul, dotado de generosas condições climáticas e uma vocação natural para o bem-estar humano, inspirou as primeiras frases de Oivind Rooth, o presidente do Conselho do ISO, uma das maiores autoridades globais na concepção geral de normas e execução de projetos, mas acima de tudo – conforme a suas palavras bem-humoradas – representante legítimo do Norte do Norte da Noruega. “Uma região de gente que gosta de conhecimento confiável, e que gosta cada vez mais da primavera do Brasil”, brincou o porta-voz.
Rooth relembrou que o sucesso das metodologias do BIM passa pela disposição de pessoas, empresas e entidades de investir no compartilhamento inteligente de dados, e mais do que isso, na disposição para gerar matrizes científicas que oferecem suporte, respaldo e qualidade teórica para a cultura e não somente para a economia dos países.
Resumo de aprendizados
Ao final do dia, os participantes puderam voltar para casa enxergando melhor o panorama de cases, referências de pesquisas, ferramentas, benchmarking, possibilidades de networking e demais trilhas de conhecimento inerentes à adoção do BIM – como prática e padrão de excelência, independentemente da dimensão do projeto ou iniciativa. Por fim, a arquiteta e gerente do Núcleo de Inovação e Implementação do BIM na CDHU, Rita Giaimo, reforçou que o papel da cultura de normatização e adoção de boas práticas é um poderoso indicativo do potencial humano de resolver problemas complexos. Fonte: Crea-SP.