Como empreender em Arquitetura Social? A questão foi o tema do III Seminário de Empreendedorismo e Novas Tecnologias em Arquitetura e Urbanismo, promovido pela Comissão Especial de Política Profissional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e pela regional de Rondônia (CAU/RO).
O evento foi realizado nos dias 19 e 20 de março em Porto Velho e Ji-Paraná, as duas maiores cidades de Rondônia. Mais de 600 arquitetos e urbanistas participaram dos eventos nas duas cidades. Em 2017, o Seminário de e Novas Tecnologias em Arquitetura e Urbanismo foi realizado em São Paulo e Porto Alegre, também com forte presença dos profissionais, cada vez mais interessados em abrir novos mercados para seus serviços.
O Seminário apresentou diversas experiências bem-sucedidas, como o Programa Vivenda, de São Paulo (SP), uma empresa focada em tornar acessível, inclusive para pagamento, todo o processo que envolve uma reforma, da elaboração do projeto até a obra. Quem também relatou uma experiência de sucesso foi a ONG Soluções Urbanas, do Rio de Janeiro (RJ). A organização trabalha desenvolvendo tecnologias sociais para construção, recuperação, manutenção, uso sustentável e redução de riscos de habitações de interesse social.
O evento teve ainda a presença de representantes do Sebrae-RO, que mostraram como o programa Sebraetec pode ajudar os pequenos escritórios de Arquitetura e Urbanismo a inovar em suas áreas de negócio. Clique aqui e baixe as apresentações do evento na íntegra.
1. Focar no mercado de reformas
O déficit habitacional do país é de 6,2 milhões de moradias. Enquanto isso, 14,7 milhões de residências construídas têm graves inadequações e necessidade de reformas – mais que o dobro. Como pelo menos 60% da produção habitacional é informal, há muito o que ser adequado e acabado, defende a ONG Soluções Urbanas. Enquanto o Governo Federal investe mais fortemente na construção de novas moradias (R$ 243 bilhões destinados ao Minha Casa, Minha Vida entre 2009 e 2015), a adequação e a reforma das existentes ficam em segundo plano (R$ 39 bilhões destinadas a programas de melhoria habitacional do PAC entre 2007 e 2015, incluindo infraestrutura, saneamento e melhorias residenciais). É um mercado aberto à iniciativa privada.
2. Investir na população considerada de baixa renda
Cerca de 85% dos cidadãos brasileiros estão enquadrados nas classes C, D e E, segundo o IBGE. A relevância econômica dessa fatia de mercado é crescente, segundo o Programa Vivenda: são responsáveis por 68% das compras de varejo de materiais de construção, 69% dos cartões de crédito e representam 75% do total de pessoas que acessam a internet no país. É uma fatia de mercado crescente a ser explorada pelos profissionais de arquitetura e urbanismo.
3. Fazer marketing local
Segundo a Comissão de Política Profissional do CAU/BR, grande parte da sociedade não sabe da real importância do arquiteto e urbanista e associa o trabalho do profissional ao caro e ao supérfluo. A atuação do profissional em campo em áreas de menor renda média e junto a associações locais ajuda o arquiteto e urbanista a desmitificar e demonstrar como seu trabalho pode efetivamente contribuir para a melhoria da vida dos potenciais clientes. É preciso conhecer o mercado em que a empresa pretende atuar e fazer com que os potenciais clientes também conheçam o escritório e seus arquitetos e urbanistas.
4. Abranger do projeto à finalização da obra
Para oferecer um serviço de Arquitetura Social de qualidade e com viabilidade econômica, o mercado demanda que a empresa faça não apenas o projeto, mas gerencie todas as etapas – planejamento, material, mão de obra e financiamento. É preciso facilitar a vida do cliente para tornar o serviço atrativo.
5. Oferecer condições de parcelamento
A possibilidade de financiamento do projeto e da obra deve ser viabilizado pela empresa junto aos bancos. O Programa Vivenda, por exemplo, financia projetos com custo médio de R$ 5.000 em até 30 vezes, com parcelas mínimas de R$ 100, dependendo do perfil da família atendida.
6. Comprar materiais diretamente dos fabricantes
O Programa Vivenda está desenvolvendo parcerias piloto para comprar mais barato direto da indústria e utilizar a loja de materiais de construção local apenas como operador de armazenagem e entrega, diminuindo o custo final para o cliente. Para isso, é preciso um acordo de médio ou longo prazo ou a compra conjunta de um volume grande de material.
7. Qualificar mão de obra local
Para a ONG Soluções Urbanas, é preciso que as empresas e organizações selecionem e treinem profissionais que atendam de modo mais direto os moradores do próprio local. Isso diminui os custos e aumenta a eficiência das contratações.
8. Viabilizar metodologias de troca e mutirões
A atuação da empresa de Arquitetura e Urbanismo junto a entidades ou grupos de moradores possibilita a adoção de meios alternativos de mão de obra. É possível viabilizar mutirões e mecanismos de troca, em que serviços do próprio morador são oferecidos pelo trabalho dos pedreiros e auxiliares da obra.
9. Buscar parcerias
Além dos recursos do próprio contratante ou beneficiário, empresas de cunho social e ONGs de Arquitetura Social podem arrecadar recursos com apoio de institutos privados e outras empresas, realizar parcerias para projetos específicos, firmar convênios com o Poder Público, se associar a universidades e centros de pesquisa, conseguir apoio de agências de fomento, arrecadar dinheiro via financiamento coletivo e editais para assistência técnica para habitação de interesse social.
10. Elaborar um plano de negócios
É importante a visão do administrador antes de abrir um negócio para avaliar a viabilidade econômica e comercial do empreendimento. De acordo com o Sebraetec, 82% das empresas que receberam consultoria afirmam reduzir desperdício e 77% reduzir custos. Além disso, 90% afirmam ter melhorado a qualidade dos serviços oferecidos e 45% passaram a oferecer outros serviços com sucesso.
Fonte: caubr.gov.br
Ilustração: Reprodução / caubr.gov.br