Nas ruas, o futuro já começa a pedir passagem: como tornar nossas cidades mais inteligentes, sustentáveis e humanas? Esse foi o ponto de partida do Fórum de Planejamento Urbano do Crea-SP, realizado na Sede Angélica na terça-feira (19/11). O evento reuniu especialistas de diversas áreas para discutir estratégias modernas e práticas inovadoras, como o uso da Inteligência Artificial, para transformar municípios em espaços mais resilientes e inclusivos.
“Sabemos o valor deste tema e o quanto isso aproxima o Crea-SP do poder público. Quando falamos de cidades inteligentes, buscamos soluções que promovam igualdade. Para isso, precisamos pensar e repensar o que é melhor para cada cidadão”, defendeu a presidente do Conselho, Eng. Lígia Mackey, na abertura do encontro. Em participação on-line, o presidente do Confea, Eng. Vinicius Marchese, destacou a parceria do Sistema Confea/Crea e Mútua com a Universidade de Medellín. “Estamos criando um novo momento. Queremos ampliar os horizontes dos profissionais para que tenham boas referências e ofereçam soluções técnicas eficientes aos municípios”, afirmou. “Com essas iniciativas, contribuímos para a melhoria da qualidade de vida e da atuação profissional em todo o país”, acrescentou.
Medellín, parâmetro mundial em inovação urbana e resiliência social, foi apontado como exemplo a ser seguido. O Eng. Jorge Luis Gallego Zapata, líder do grupo de pesquisa em Biodiversidade, Biotecnologia e Bioengenharia da Universidade de Medellín, apresentou o conceito de urbanismo social e climático adotado na cidade, ressaltando seu crescimento nos últimos anos. “Foi necessário propor um novo modelo de planejamento e apostar que a população acreditaria em uma mudança liderada pelo governo para superar os desafios geográficos da região”, explicou Zapata.
A Eng. Alejandra Balaguera Quintero, professora em gestão ambiental, abordou o consumo de recursos naturais e a sustentabilidade de Medellín. “Todos têm um papel na solução de problemas ambientais. Uma medida tomada pelo governo colombiano, em julho, eliminou oito tipos de plásticos na região para incentivar alternativas mais sustentáveis”, destacou.
Os desafios ambientais também foram discutidos no contexto da construção civil. A Eng. Gloria Isabel Carvajal Peláez, especialista em Engenharia de Construção e Gestão Ambiental pela Universidade Politécnica de Valência (Espanha), enfatizou a importância de infraestrutura sustentável e de certificações reconhecidas internacionalmente. “Infraestrutura sustentável não é apenas construir prédios verdes, mas planejar, executar e operar projetos de forma a garantir sustentabilidade econômica, social e ambiental”, pontuou.
A inovação foi outro tema central, especialmente para os futuros profissionais da área tecnológica. Segundo os especialistas, habilidades como pensamento crítico, atualização constante e abertura para o novo são essenciais no planejamento urbano contemporâneo. O conceito de resiliência urbana, a que se refere à capacidade de uma cidade se recuperar após eventos adversos, foi abordado pelo Geol. Eduardo Soares de Macedo, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). “Não queremos apenas voltar à normalidade anterior, mas sim retornar em condições melhores, com aprendizados aplicados”, afirmou.
Exemplos brasileiros enriqueceram o debate. Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, é um dos municípios de maior crescimento e desenvolvimento no Brasil nos últimos 30 anos. Reconhecido pelo agronegócio, a cidade também é destaque em saúde, educação e segurança. “Firmamos um pacto pela inovação com metas para os próximos 10 anos, consolidando nossa posição como referência em economia verde”, explicou o médico veterinário Welligton Souto, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Planejamento e Cidade. Ele apresentou os sete macrodesafios de Lucas do Rio Verde: educação inovadora; futuro sustentável; infraestrutura e tecnologia; comunicação estratégica; atração e retenção de talentos; qualidade de vida; e ambientes para inovação e empreendedorismo.
Por fim, foi reforçada a influência do plano diretor para o crescimento ordenado e equilibrado. “Em São Paulo, dois bairros separados por apenas 14 quilômetros têm realidades opostas. No Jardim Paulista, a expectativa de vida é 25 anos maior do que no Jardim Ângela. Isso reflete o impacto de um planejamento urbano desigual”, demonstrou a Arq. Urb. Luciane Virgilio, mestre em Engenharia Urbana pela Escola Politécnica na Universidade de São Paulo (USP).
O encontro trouxe outras reflexões fundamentais e exemplos práticos, mostrando que o futuro das cidades começa com decisões tomadas hoje, embasadas na inovação e na responsabilidade social. Inteligência Artificial, sua definição, desafios e objetivos também foram mencionados, antes do encerramento pelo Eng. Claudio Bernardes, mestre em Engenharia pela Sheffield University (Inglaterra) e ex-presidente do Conselho de Gestão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo. “Com essa ferramenta, podemos ter algoritmos que oferecem mais velocidade no processo de análises de planejamento, identificar padrões de comportamento e gerar cenários para todos os tipos de situações, resultando em mais segurança e clareza”, concluiu Bernardes. Fonte: Crea-SP