São Paulo se tornou palco de uma iniciativa internacional para ultrapassar fronteiras e reunir vozes de diferentes partes do mundo no debate de um dos temas mais urgentes da atualidade, a crise climática. O 5º Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa (CELP) foi realizado entre a quinta-feira (15) e o sábado (17), na Sede Angélica do Crea-SP, com representantes de países lusófonos. A programação colocou a capital paulista no centro das discussões sobre o papel estratégico da área tecnológica diante dos desafios da sustentabilidade. “Sabemos que a solução para as mudanças climáticas não virá de um único projeto, nem de um único país. É por isso que encontros como esse são tão poderosos. É dessa forma que reforçamos algo que o Crea-SP já vive na prática: a importância de construir vínculos internacionais que valorizam o conhecimento e ampliam as possibilidades de atuação profissional”, ressaltou a presidente da autarquia, Eng. Lígia Mackey, durante a abertura do painel ‘Engenharia e Ação Climática: Soluções para um Futuro Sustentável’.

Complementando essa visão, o presidente do Confea e do Conselho Internacional de Engenheiros de Língua Portuguesa (Cielp), Eng. Vinicius Marchese, enfatizou o impacto das profissões como elo entre o conhecimento técnico e a transformação social. “Precisamos compartilhar experiências e capacitar pessoas para a construção de um futuro sustentável. Para isso, é essencial aprimorar a qualificação dos que já atuam no mercado. Queremos que cada um de vocês, que estão no dia a dia da Engenharia, possam elaborar soluções e, de alguma forma, levar esse conhecimento adiante para implementar mudanças reais”.
Presidente do Confea, Vinicius Marchese
A cerimônia contou com a participação de autoridades de destaque, como José Pedro Chantre D’Oliveira, embaixador de Cabo Verde no Brasil; Jacinto Januário Maguni, embaixador de Moçambique no Brasil; M’bála Alfredo Fernandes, embaixador da República da Guiné-Bissau; Maria Ângela Carrascalão, embaixadora da República Democrática de Timor Leste; João Paulo Ribeiro Capobianco, secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA); o conselheiro federal por Minas Gerais, Eng. Francis José Saldanha Franco; e o Eng. Fernando de Almeida Santos, presidente da Ordem dos Engenheiros de Portugal (OEP), representando os bastonários presentes.
Chamando atenção para a gravidade do tema, o presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, enviou uma mensagem em vídeo apontando a necessidade de ação imediata frente às mudanças climáticas. “Aqui no Brasil, sentimos cada impacto de forma intensa, como as enchentes no Rio Grande do Sul, secas históricas na Amazônia e o avanço do fogo no Pantanal. Precisamos estar preparados para enfrentar essas situações e os engenheiros têm muito a contribuir com ideias, conhecimento técnico e realizações concretas”.
A palestra magna ‘Planejamento Espacial Marinho: Uso e Conservação do Mar’ foi ministrada pelo vice-almirante Marco Antonio Ismael Trovão de Oliveira, comandante do 8º Distrito Naval da Marinha do Brasil. Ao falar sobre a importância dos oceanos para o desenvolvimento do país, defendeu o uso economicamente viável e com iniciativas ambientalmente sustentáveis dos mares. “A Engenharia é peça fundamental na construção de soluções”, pontuou durante sua apresentação.
Comandante do 8º Distrito Naval da Marinha do Brasil e vice-almirante, Marco Antonio Ismael Trovão de Oliveira
No painel ‘Amazônia: Presente e Futuro’, especialistas e gestores públicos debateram os rumos da maior floresta tropical do planeta. Moderada pelo Eng. Luiz Lucchesi, ex-conselheiro federal do Confea, a discussão envolveu o presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e ex-superintendente do Crea-AM, Eng. Gustavo Picanço Feitoza; o Prof. Dr. Eng. Carlos Sanquetta, membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC/ONU); e Capobianco, que retornou ao palco. Entre os assuntos, estiveram os rios voadores – cursos de água atmosféricos -, os principais vetores do desmatamento, reservatórios de carbono e o histórico da integração da Amazônia ao desenvolvimento nacional.
Capobianco evidenciou o potencial econômico da região amazonense, apresentando dados históricos que ajudam a entender a dinâmica local: em 2019, por exemplo, a produção de carne e soja movimentou US$ 14,5 bilhões, enquanto produtos da biodiversidade amazônica, como açaí, cacau e castanha-do-Pará, geraram US$ 7,4 bilhões, sendo que foram cultivados em uma área 60 vezes menor.
O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente (MMA)mencionou que a floresta tornou-se estratégica para toda a América do Sul. “O desafio é como podemos conciliar crescimento e conservação. A Engenharia desempenha um papel fundamental ao criar projetos e técnicas que permitem explorar a Amazônia de forma sustentável”, concluiu Capobiando.
Na sexta-feira (16) teve debates sobre como ‘Futuro das Cidades: Habitação e Mobilidade’; ‘Incêndios/Secas: Efeitos das Mudanças Climáticas’; ‘Inundações/Cheias: Desafios e Soluções de Engenharia’; ‘Infraestruturas de Água e Saneamento’; e ‘Transição Energética’. Fonte: Crea-SP.