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O impacto da queda no número de estudantes de engenharia no Brasil

A última década foi de grandes desafios para a economia do Brasil, especialmente o período da pandemia e pós-pandemia. Aliás, nos últimos anos, muita coisa mudou no mercado de trabalho. Por algum motivo, os jovens se sentem menos atraídos por certas profissões ou desistem de disputar certas vagas de trabalho. E nisso, temos visto uma queda expressiva no número de estudantes em cursos de Ensino Superior. Mas e daí? Como fica a engenharia brasileira se houver menos engenheiros formados em território nacional?
Já conversamos outras vezes aqui, no Engenharia 360, sobre a situação da engenharia brasileira. E olha, a coisa não anda nada bem! É realmente curioso pensar que um país de tanto potencial, com seus vastos recursos naturais e uma população jovem bastante criativa, caminha para um futuro tão incerto com a perspectiva da escassez de profissionais formados em engenharia.
Com muita tristeza, precisamos admitir que somos extremamente dependentes de tecnologia internacional. Agora, pensa o que pode acontecer se passarmos a ser também dependentes de mão de obra internacional! Quanto isso pode encarecer tudo aquilo que consumimos e pressionar ainda mais a inflação?
Conforme reportagem publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, em 2015 havia cerca de 358 mil estudantes de Engenharia Civil se formando, prontos para sair no mercado e erguer novas estruturas. Atualmente, segundo constam os dados do mapa do Ensino Superior do Instituto Semesp, esse número caiu para 172 mil – representando uma queda de 51%. E, na verdade, o mesmo vem acontecendo em praticamente todas as ramificações da engenharia, desde a Engenharia de Produção até a Mecânica, extremamente importantes para o crescimento econômico nacional.
A saber, só duas engenharias caminham num rumo diferente aqui dentro do Brasil, sendo a Engenharia de Computação e Engenharia de Software. E é claro que isso é bastante positivo – sobretudo se pensarmos que o nosso mundo está cada vez mais digitalizado -, mas não é suficiente para sustentar a infraestrutura da nossa nação.

Razões para a queda

Anilando esses números alarmantes, nos perguntamos se estamos diante uma nova tendência da engenharia brasileira. Afinal, por que há tanto desinteresse dos jovens pelo Ensino Superior e principalmente pelos cursos de engenharia – que sempre foram tão disputados nos vestibulares? Pois bem, alguns especialistas afirmam que isso tem a ver com o novo perfil da ‘geração Z’, que busca respostas mais rápidas para ingressar no mercado de trabalho.
Sendo assim, muita gente opta por cursos técnicos ou de curta duração, especialmente na área de tecnologia. Além disso, a crise econômica atual vem dificultando a continuidade dos estudos, forçando vários alunos a abortarem seus sonhos de graduação. Mesmo que nossos jovens não optem mais por seguir carreiras de engenharia, ainda será essencial termos engenheiros atuando em diversos setores, desde a indústria até o campo.

     “Em 2015, o Brasil tinha 358 mil estudantes de Engenharia Civil. Já os dados mais recentes mostram que são agora 172 mil, diminuição de 51%”

Sem engenheiros capacitados, o Brasil corre o risco de ficar para trás em termos de competitividade global. Teremos o nosso desenvolvimento econômico extremamente comprometido, assim como nossa capacidade de liderar iniciativas inovadoras. Simplesmente porque a engenharia é um dos pilares fundamentais para a criação de infraestrutura, geração de empregos e desenvolvimento de novas tecnologias. Entendeu?

EAD como solução para a engenharia brasileira

Nos últimos anos, tentando facilitar o acesso do Ensino Superior às mais diferentes camadas da sociedade, o MEC flexibilizou várias regras e houve, na sequência, um verdadeiro “boom de ofertas” de cursos EAD pelo Brasil. Tanto é que atualmente cerca de 66% dos alunos que ingressam em uma faculdade aqui no país optam pela modalidade à distância – desde 2013, foi um crescimento de 18% registrado. A questão é que essa aparente democratização do acesso ao ensino passou a esconder uma armadilha perigosa para a formação de engenheiros.
Imagine a situação: temos hoje dois tipos de estudantes nesses cursos EAD. O primeiro de jovens que tiveram os seus últimos anos escolares comprometidos pelas seguidas crises econômicas e pelo distanciamento social exigido pela COVID. O segundo de pessoas mais velhas que estão a mais tempo afastados dos bancos escolares. E o que eles têm em comum? Ambos costumam apresentar uma série de deficiências de conhecimento em áreas críticas como matemática e física, base sólida para o entendimento das engenharias.
Talvez isso explique porquê, mesmo com a modalidade a distância, a taxa de evasão nesses programas se manteve alta nos últimos anos (40%). Sem contar que a recente avaliação do MEC revelou que apenas 1% das graduações EAD obtiveram a nota máxima, incluindo os cursos de engenharia. Diante disso, sabe o que o Ministério da Educação fez? Proibiu de vez, em 2025, todos os cursos de engenharia 100% EAD!

As incertezas no futuro

O cenário da engenharia brasileira é muito preocupante. Acabar com os cursos 100% EAD é visto como positivo pelo mercado de trabalho, que sempre acreditou que áreas sensíveis como a engenharia estavam perdendo qualidade de mão de obra por conta desse modelo de educação. Mas é claro que as medidas do MEC não vão livrar o Brasil de ter problemas na formação de engenheiros.
É nossa obrigação tornar o tema ‘engenharia’ mais interessante, tanto dentro quanto fora da sala de aula – inclusive nas conversas dentro do portal Engenharia 360. Mostrar para os jovens como é importante e gratificante – e de propósito admirável – o trabalho do engenheiro.
Aliás, por falar em gratificação, seria ainda melhor se os nossos profissionais de engenharia fossem devidamente remunerados por suas funções, assim como o merecido. Que suas atribuições fossem respeitadas e não colocadas em cheque. E que tivéssemos mais programas e políticas de incentivo para engenheiros, como bolsas de estudo e financiamento acessível para estudantes.
Por aqui, no Engenharia 360, o que podemos fazer é ajudar a disseminar as informações verdadeiras, compartilhar as boas notícias e fortalecer a imagem da engenharia brasileira junto às novas gerações, destacando seu papel estratégico no desenvolvimento do país. Afinal, não há exemplo de nação bem desenvolvida que não dependa desses profissionais para sustentar seu crescimento econômico e tecnológico. Fontes: www.estadao.com.br e https://engenharia360.com

 

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