Até esta sexta-feira (28), a Cidade Universitária, situada no Butantã, zona oeste de São Paulo, receberá a 23ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Este evento, organizado pela Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP) e executado anualmente pelo Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológicos (LSI-TEC), destaca as ideias mais inovadoras apresentadas por jovens cientistas de todo o Brasil.
Com um total de 300 projetos finalistas oriundos do trabalho colaborativo de 671 estudantes do ensino básico e técnico, a feira se propõe a apresentar soluções criativas para problemas que vão desde questões locais até desafios globais. Para aqueles que não puderem comparecer pessoalmente, todos os projetos estarão disponíveis para visualização online em uma mostra virtual.
Uma das principais características desta edição será a quantidade significativa de iniciativas voltadas para as mudanças climáticas. Este tema é especialmente pertinente à luz da realização da COP 30, que ocorrerá em Belém em novembro. Os projetos serão avaliados por um painel composto por especialistas, professores da USP e outras instituições de ensino superior, além de profissionais do setor privado. Os melhores trabalhos receberão premiações como troféus, medalhas, bolsas de estudo e estágios, além da oportunidade de representar o Brasil na Regeneron Isef 2025, a maior feira internacional do segmento, que acontecerá em maio nos Estados Unidos.
A Febrace também introduzirá o curso gratuito “Aprendizagem por Projetos e Mudanças Climáticas”, que será totalmente online e disponível na plataforma Apice a partir do dia 25. Esta iniciativa visa capacitar educadores e alunos no desenvolvimento de projetos interdisciplinares focados em soluções inovadoras para os desafios climáticos atuais.
Consolidando-se como um dos principais eventos de promoção da ciência no Brasil, a feira estimula o surgimento de novas vocações e a criação de soluções inovadoras para problemas reais enfrentados pela sociedade. A coordenadora do evento, professora Roseli de Deus Lopes, destacou a importância do comprometimento dos jovens cientistas com as questões ambientais: “A Febrace serve como uma plataforma vital para educação e inovação, trazendo propostas concretas que refletem um futuro sustentável”.
Durante os quatro dias do evento, o público terá a chance de conhecer os projetos finalistas, interagir com os jovens inventores e participar de atividades especiais, incluindo palestras e painéis de discussão. A programação completa pode ser acessada através do link disponibilizado. Confira abaixo alguns dos projetos de destaque desta edição:
Bioplástico de café para impressão 3D: Estudantes desenvolveram um bioplástico feito de borra de café para impressão 3D, substituindo filamentos plásticos. A adaptação reduz o consumo de energia e promove práticas sustentáveis. Produtos como tubetes e telhas biodegradáveis foram criados usando o material.
Sistema prevê enchentes e protege comunidades: Estudantes criaram o WaterSafe, um sistema de monitoramento e alerta de inundações com sensores de nível de água. O protótipo envia dados para um aplicativo, avisando sobre riscos de enchentes. Alimentado por energia solar, ele ajuda comunidades vulneráveis a se protegerem antes da situação se agravar.
Nanossatélite para detecção de incêndios florestais: Estudantes desenvolveram um nanossatélite de baixo custo para monitorar queimadas em tempo real. Equipado com sensores e câmera infravermelha, envia dados via GPS para órgãos ambientais. O projeto foi feito com impressão 3D e custa apenas R$ 1.150,00.
Óculos antissono para evitar acidentes: Foram desenvolvidos os óculos antissono, que detectam sonolência no motorista e emitem alertas sonoros e vibração. O dispositivo monitora os movimentos oculares e ajuda a evitar acidentes ao volante. Custa R$ 122 e é eficaz para veículos sem tecnologias modernas.
Drink seguro – caneta revela drogas em bebidas adulteradas: A Drug Test Pen é uma caneta que identifica substâncias dopantes em bebidas, como benzodiazepínicos. O teste simples custa apenas R$ 10,00, tornando-o acessível para o público geral. Ela ajuda a prevenir o golpe “boa noite, Cinderela”.
“Band-aid” biodegradável de mandioca e barbatimão: Estudantes criaram um biocurativo de mandioca e barbatimão, com propriedades cicatrizantes e biodegradáveis. A solução sustentável substitui plásticos e adesivos convencionais. O projeto favorece a cicatrização e reduz o impacto ambiental do descarte de plásticos.
Moda sustentável – tecidos tingidos com microalgas: Uma estudante desenvolveu um método sustentável de tingimento de tecidos com pigmentos de microalgas. O processo utiliza Chlorella vulgaris e Spirulina maxima para criar corantes naturais, sem poluição ambiental. O projeto promove um mercado têxtil mais sustentável e economicamente viável.
Absorvente biodegradável e antifúngico: Foi criado um absorvente biodegradável feito de bioplástico de folhas de amora, com ação antifúngica e antibacteriana. O produto se decompõe em seis a oito meses, em contraste com absorventes convencionais. A inovação visa reduzir o impacto ambiental e melhorar a saúde íntima das mulheres.
Verdade ou deepfake? IA detecta áudios manipulados: O Unfake, uma ferramenta de IA que detecta deepfakes de voz, com alta precisão. O sistema classifica áudios reais e manipulados através de representações visuais e redes neurais. A tecnologia pode ser acessada on-line e está sendo aprimorada para mais tipos de áudio.
Glossários digitais: inclusão e resgate de línguas em risco: Foram criados glossários digitais para promover inclusão e preservar línguas indígenas. Letícia Diniz desenvolveu um site com substituições de termos excludentes, enquanto ItxaLee OyGoyan criou um dicionário Tupi-Mondé. Ambos os projetos são acessíveis on-line.
Exploração sustentável – drone subaquático feito com material reciclável: Estudantes criaram o Drast, um drone subaquático de baixo custo feito com material reciclável. O drone coleta dados ambientais e captura imagens, além de resíduos metálicos com uma garra magnética. O projeto visa a pesquisas científicas e monitoramento ambiental.
Gestão inteligente da água: sensores detectam desperdício: Desenvolveram um sistema para detectar vazamentos de água em redes hídricas, usando sensores de fluxo e um aplicativo de monitoramento. O sistema emite alertas em tempo real quando há variações anormais na vazão. O projeto busca combater o desperdício de água em instituições educacionais. Fonte: https://abcdoabc.com.br