O clima no mundo parece estar fora de controle. A recente onda de calor na Europa fechou escolas e universidades, linhas ferroviárias, aeroportos, trouxe muitas mortes. Nos Estados Unidos foram os incêndios, na China o telhado de um museu derreteu. Em outros continentes são inundações, ventos e neve. Além do aquecimento global, que tem deixado as temperaturas extremas, existe também a composição desses materiais, uma infraestrutura ultrapassada para os dias atuais.
A professora Liedi Bernucci da Escola Politécnica da USP, especialista em infraestrutura de transportes, diz que a ciência e a tecnologia estão aí para ajudar o homem a resolver a questão, por isso é importante a pesquisa sobre novos materiais. Um país de clima predominantemente temperado, como a Inglaterra, não está preparado para enfrentar essas variações térmicas. Em muitos locais o asfalto derreteu deixando caminhões atolados. O piso de um aeroporto foi danificado com a temperatura acima de 40 graus.
O que pode ter acontecido?
Liedi explica: “As altas temperaturas que vêm sendo registradas na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos nesse verão do Hemisfério Norte, têm apresentado alguns problemas por serem muitos dias consecutivos de altas temperaturas. Esse acúmulo de energia, de temperatura muito alta, e o asfalto, que vem do petróleo, começam a perder a rigidez e causam esses problemas que temos visto como caminhões atolados, aeronaves que não podem pousar devido a asfaltos que não são indicados para essas altas temperaturas. A construção civil vem evoluindo para conseguir adequar cada vez mais as edificações às mudanças climáticas”, avalia.
No Brasil, um país com altas temperaturas, tem uma tecnologia de ponta na composição do asfalto, que pode ser visto principalmente em rodovias concessionadas, observa Liedi. “O calor de um país tropical como o nosso fez com que pesquisadores de materiais desenvolvessem asfalto capaz de suportar temperatura de solo de até 70°, por exemplo, no Rio de Janeiro.” O superaquecimento faz com que os materiais se expandam e rachem. Concreto, asfalto, ferro estão na rota de colisão com a temperatura extrema do planeta.
O papel da ciência
A professora diz que o papel da Universidade é preparar os jovens para enfrentar os desafios do futuro. “Temos passado essas questões para os nossos alunos, por exemplo, neste semestre. Mostrar como enfrentar alguns problemas que estão sendo colocados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da agenda da ONU de 2030 e que estão relacionados à infraestrutura de transportes. Precisamos desafiar os alunos e ao mesmo tempo trazer os conhecimentos mais recentes. Temos buscado cumprir esse papel de prepará-los para enfrentar esses novos desafios, em prol da sociedade e também do bem-estar do planeta”, finaliza.
Fonte: Jornal da USP