Xeque-mate

Coluna do Dal

Xeque-mate

Xeque-mate é o termo que indica o final de uma partida num jogo de xadrez. Consta que vem do persa e significa o “rei morreu”. O objetivo do jogo é esse mesmo: “matar o rei” adversário. A versão mais recorrente é de que esse jogo foi inventado na Índia, por volta do ano 600, por um tal de Sissa, para deleite do Rajá de plantão. Na criação desse jogo, diz a lenda, o inventor queria demonstrar que um soberano não é nada sozinho. Ele precisa do apoio de outras classes para se manter no poder.

O xadrez é um jogo encantador e absorvente. Deveria ser ensinado nas nossas escolas. Isso poderá até se tornar realidade daqui a algum tempo. Antes, infelizmente, elas têm de, pelo menos, voltar a ensinar alguma coisa. Todavia, como algo embrionário, toda cidade deveria ter uma Escola de Xadrez (melhor do que ter “xadrezes como escolas”).
E, de forma rotativa, os alunos que a frequentassem e alcançassem um dado nível receberiam como prêmio um “jogo completo”. Tabuleiros e peças poderiam ser feitos em oficinas de artesanato ou até por detentos, monitorados por artesãos (“xadrez no xadrez” poderia ser uma marqueteira designação para tal programa).

O jogo de xadrez, como é do conhecimento da maioria dos leitores, é constituído por um tabuleiro “8 por 8”, portanto com 64 casas, alternadas em duas cores, geralmente preto e branco. E as peças, 16 de cada lado, são também, em geral, pretas de um lado, e brancas do outro.
As peças são compostas de um rei, uma rainha, dois bispos, dois cavalos, duas torres e oito peões para cada lado. Nos tempos de faculdade tínhamos uma regrinha para iniciar a disposição das peças: “o rei preto na casa branca”. Ironicamente, um negro na “Casa Branca”. Algo até então impensável. Voltando ao início, o fato é que o Rajá quis premiar Sissa pela maravilhosa invenção, atendendo ao pedido que ele fizesse. E ele, para sacanear o Rajá, pediu um grão de trigo na primeira casa, dois na segunda, quatro na terceira e assim, sempre duplicando, até a última do tabuleiro.
O Rajá, que não era chegado em matemática, considerou isso uma ingenuidade. Mas os economistas do reino alertaram-no de que nem todos os tesouros da Índia atenderiam a solicitação de Sissa. Naquela cantilena, o pedido atingiria a soma monstruosa de quase 18,5 quinquilhões de grãos. Uma coisa humanamente impossível de se obter. O jeito foi dar um cargo (essa coisa vem de longe) ao inventor. E Sissa virou uma espécie de primeiro ministro. Resumo: se você pretende subir de posto, assombre o chefe.

E, realmente, aquele número é assombroso. Dezoito quinquilhões redondos correspondem a “18 bilhões de bilhões”. É o 18 seguido de dezoito zeros! Vejamos, inicialmente, um pouquinho da dimensão dessa coisa através de um fato grotesco. Dizem (as más línguas, é claro) que tem político brasileiro que já roubou mais de um bilhão de reais. Um bilhão é o 1 seguido de nove zeros. Queimar essa quantia, à razão de um real por segundo, demorará quase 32 anos!

Adalberto Nascimento
(⭐6/6/1946 | ➕1/7/2019)

Engenheiro civil graduado pela Poli-USP (1972), pós-graduado na área de Transportes, atuou como engenheiro, consultor e professor universitário.
Foi o associado n.º 1 da AEASMS, servidor municipal de carreira, ex-secretário de Edificações e Urbanismo (1983/88), de Transportes e presidente da Urbes (1993/96).
Escritor, autor de livros de crônicas e curiosidades matemáticas e membro da Academia Sorocabana de Letras. Além de publicados pelo jornal Cruzeiro do Sul, entre outros veículos, seus artigos ilustraram e continuam ilustrando o conteúdo deste site “Coluna do Dal e Desafio do Prof.º Dal”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *