No site da Universidade Federal do ABC (Ufabc), encontra-se disponível um artigo intitulado “A missão da Universidade em tempos de crise”, publicado em 12 de Setembro de 2017, às 15h30, no qual os cinco reitores da Ufabc, de 2005 até hoje, escrevem para o Jornal da Ciência: “Diferentes opiniões políticas no cenário nacional ou institucional não devem impedir que as Universidades cumpram a sua missão de educar e de produzir conhecimento”.
Neste artigo, os reitores da Ufabc, ao analisarem que o Brasil passa por uma das piores crises econômicas e políticas da história, alertam para consequências aos lares e as instituições, com sequelas que vão muito além das econômicas, com danos severos imediatos para a educação superior e a ciência e tecnologia do país por muitos anos. Analisam que os cortes de recursos na educação e na ciência podem prejudicar uma recuperação duradoura, vislumbrando uma perspectiva muito grave.
Apontam para uma outra ameaça igualmente nociva presente, que é a degradação das relações humanas na sociedade, a substituição do diálogo pelo ódio, agravado pelas mídias sociais, criando barreiras para soluções construtivas. Os reitores preveem que tais sequelas permanecerão mesmo após a futura superação da grave crise.
Nas crises, defendem que as Universidades se mantenham fiéis à sua missão, de refúgio ao pensamento crítico, sem interferências das redes sociais e pelos conflitos na luta pelo poder – “Universidade não é trincheira ideológica e político-partidária” – nem local para manifestações pessoais ou coletivas sem fundamento científico.
Assim, consideram que as universidades podem servir como um “sistema de alerta precoce para
detectar ameaças à sociedade como um todo”.
Explanam os autores que, durante a história da civilização, democracia e universidade evoluíram em conjunto, “uma instituição dando impulsos e sustentação à outra, construindo assim um conjunto de valores acadêmicos, humanos e civilizatórios”, incluindo as liberdades para pensar, falar, ensinar e pesquisar, a tolerância, a colaboração e confiança mútua, o conhecimento científico, e a prevalência do mérito sobre o corporativismo e da excelência sobre a conveniência, que serviram de base para a construção do conhecimento humano e que “sustenta a sociedade moderna”.
Assim, finalizam que opiniões políticas não devem impedir que as universidades cumpram a sua missão de educação e produção do conhecimento e que tolerância, diálogo e investimento em ciência e educação possam garantir “um futuro melhor, nas universidades, no Brasil e no mundo.’
Um texto para reflexão por todos aqueles que produzem conhecimento e defendem a ciência como fator de desenvolvimento de um país.
MÁRIO SÉRGIO KILLIAN Diretor Administrativo da AEASMS, é engenheiro civil da Prefeitura de Sorocaba, membro da Defesa Civil e professor da Universidade de Sorocaba