Artigo: A Prefeitura e os entulhos descartados irregularmente

Autor: Eng.º Mário Sérgio Killian*

Causa muita indignação a notícia publicada no portal da Prefeitura de Sorocaba, no último dia 25 de outubro, informando que foram retiradas aproximadamente 100 toneladas de material tipo entulho de terrenos no Jardim Nova Esperança.

A reportagem menciona que os pedidos chegam ao conhecimento da Prefeitura, feitos pelos próprios munícipes, e depois encaminhados à secretaria correspondente para a execução do serviço de retirada.

Os trabalhos foram realizados com o uso de pás carregadeiras e caminhões, em vários locais, inclusive, em frente a dois Centros de Educação Infantil (CEIs), uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e locais de grande circulação de pessoas, conforme detalhes do texto mencionado.

É sabido que a Prefeitura de Sorocaba possui um aterro municipal apropriado para o descarte de resíduos inertes, este está localizado na Avenida General Motors, na Zona Industrial, devidamente licenciado junto aos órgãos ambientais competentes. Tal aterro, cita a reportagem, é preparado “para receber resíduos de construção civil, os quais são britados e, posteriormente, utilizados na manutenção de vias e estradas de terra da cidade”.

Cabem, indiscutivelmente, alguns questionamentos a todos nós, os moradores da cidade: estamos realmente avançando em direção à educação, cidadania e respeito ao meio ambiente? Estamos evoluindo em direção a melhores tempos? Quanto custa para o Poder Público esta limpeza e retirada dos entulhos em uma época de poucos recursos e que, provavelmente, precisará de novas retiradas em espaço curto de tempo, com gastos constantes?

Além do desrespeito às leis, o fato merece toda atenção por envolver a saúde pública, já que esse descarte irregular atrai animais peçonhentos e doenças de toda espécie, o que agrava consideravelmente o panorama.

Não bastasse o Poder Público estar envolvido em demandas das mais variadas para a manutenção da cidade e execução de serviços prioritários, é obrigado a despender tempo e dinheiro para reparar um problema que não deveria estar ocorrendo, pelo menos em tese. Existem também canais específicos para denúncias na Prefeitura.

Necessário refletir até onde a sociedade aguentará fatos como esse, reportados pelos variados meios de comunicação, inclusive com campanhas na mídia, com o agravante de, nesse caso específico, ter como vizinhos, edifícios destinados à saúde básica da população e, pasmem, ao lado de estabelecimento de educação infantil.

A cidade é protagonista em educação, possui renomados centros de medicina, avança no setor tecnológico, fomenta desenvolvimento das cidades em torno da Região Metropolitana, no entanto, convive com péssimos exemplos de prática de deveres de cidadania.

Contradição aos olhos das crianças e dos pacientes. Como educar e transformar desse jeito?

 

 

*Mário Sérgio Killian

Diretor administrativo da AEASMS, atua na Divisão de Gestão de Projetos e Orçamentos da Secretaria de Planejamento e Projetos (Seplan) e na Defesa Civil. Engenheiro civil e de Segurança do Trabalho, é também professor da Universidade de Sorocaba (Uniso)

Fotos: Agência Sorocaba de Notícias

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