A interseção entre esporte e tecnologia tem sido cada vez mais percebida – e necessária – nas competições das Paralimpíadas. Para este artigo do Engenharia 360, resolvemos trazer o exemplo inspirador de dois atletas com formação em engenharia que estão se valendo de suas habilidades técnicas para melhorar seu desempenho, criando uma vantagem competitiva única. Austin Smeenk e Alexandre Hayward estão redefinindo as competições em Paris 2024. Eles levaram para a França seus equipamentos personalizados na esperança de que inovação e ciência possam fazer a diferença para as pistas e velódromos. Continue lendo para saber mais!
A importância da engenharia no esporte paralímpico
Adaptar os modelos de esporte tradicionais para atletas com diferentes graus de deficiência é uma tarefa complexa e que, desde sempre, exigiu ajuda da engenharia. Isso porque não bastam os esportistas treinarem seu corpo ao extremo, pois eles também vão depender, por vezes, de cadeiras de rodas, próteses, bicicletas especiais e mais. Esses modelos de design precisam ser ajustados, personalizados e otimizados para maximizar seu desempenho. E é aí que entra a expertise dos designers.
A boa notícia é que, nos últimos anos, o esporte paralímpico tem visto um aumento significativo no de novas tecnologias – muitas vezes idealizadas por engenheiros e autodidatas em engenharia -, ajudando a melhorar ainda mais as competições. E, neste contexto, Smeenk e Hayward são um bom exemplo dessa nova geração de atletas que usam suas habilidades além das quadras, pistas e mais para melhorar seu desempenho no esporte.
A engenharia biomecânica para cadeiras de rodas
Austin Smeenk é um atleta canadense que já conquistou medalhas importantes nas Paralimpíadas. Seus recordes mais importantes foram em campeonatos mundiais de corridas masculinas T35 de 800 e 400 metros. Mas seu trabalho tem se destacado ainda mais por sua abordagem científica. É que Smeenk, formado em Engenharia Eletromecânica, conseguiu aperfeiçoar sua cadeira de rodas.
Em colaboração com o Laboratório Camosun Innovates, o jovem usou uma analogia bem parecida com de carro de corrida para tornar a cadeira mais leve, permitindo a realização de corridas mais rápidas. “Calculamos toda a ergonomia para garantir a melhor biomecânica em relação à cadeira”, “Força é igual a massa vezes aceleração; menos massa significa mais aceleração”, explicou Smeenk, o que significa que uma cadeira mais leve pode resultar em uma tração maior. Essa mentalidade de otimização é compartilhada por muitos atletas paralímpicos, o que significa que cada detalhe conta. Assim, foi possível fabricar um modelo com o máximo de eficiência e adaptação às suas necessidades específicas.
A aerodinâmica aplicada ao design de bicicletas
O conhecimento em biomecânica também inspirou outros atletas na personalização de dispositivos para as Paralimpíadas de Paris 2024. Outro exemplo que queremos destacar é o de Alexandre Hayward, ciclista canadense, ex-jogador de hóquei, que utilizou sua formação em engenharia para conduzir testes aerodinâmicos em sua bicicleta, visando otimizar o equipamento e melhorar seu desempenho.
Hayward analisou dados para garantir que cada aspecto de sua posição na bicicleta fosse de máxima eficiência. Essa abordagem científica permitiu que o jovem fizesse ajustes precisos na bike, como a posição do selim e os pontos de contato, essenciais para o desempenho em alta velocidade. “Gastei muito tempo estudando sobre engenheiros de equipes profissionais, ouvindo podcasts e tentando aplicar o que atletas sem deficiência estão fazendo”, conta.
No fim, o engenheiro conseguiu realizar melhorias importantes em cada componente do equipamento a ser utilizado nas competições. E isso possivelmente deve somar uma grande diferença no seu desempenho geral.
Imagem reproduzida de Austin Smeenk em Instagram
O futuro das Paralimpíadas com a engenharia
É importante destacar neste texto que, apesar das inovações já conquistadas, os atletas paralímpicos enfrentam muitos desafios. É que, para ter acesso a equipamentos de alta tecnologia, os esportistas dependem muito de auxílio financeiro. E, ao contrário de outros esportes de alta performance, para eles os recursos são ainda muito limitados.
Por isso mesmo que qualquer conhecimento, habilidade, criatividade e capacidade de adaptação por parte desses esportistas é tão valorizado. A mensagem que gostaríamos de deixar na conclusão deste artigo é o quanto o trabalho da engenharia pode ajudar os atletas paralímpicos, desenvolvendo e aprimorando soluções (sobretudo mais acessíveis e ergonômicas) que atendam às suas necessidades – sim, a individualidade é um fator crítico. Smeenk e Hayward se dizem prontos para enfrentar os desafios em Paris 2024. Fonte: https://engenharia360.com