O índice passou de 1,10 no dia 16 de novembro para 1,30 no balanço desta terça-feira, dia 24. Mas especialistas ouvidos pelo Estadão evitam a expressão “segunda onda” de contaminação simplesmente porque o Brasil ainda não conseguiu controlar a primeira. Assim, o aumento atual é entendido como um repique, uma piora dos dados da primeira onda.
Quando o número é superior a 1, cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa. Isso representa o avanço da doença. Para a epidemia ser considerada controlada, a taxa de transmissão precisa estar abaixo de 1. “Esse aumento aponta claramente que estamos vivendo um aumento da pandemia no País”, adverte Eduardo Flores, virologista da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Apagão
Há duas semanas, o número ficou em 0,68, o menor valor desde abril — mas a data coincidiu com o atraso na atualização de casos e mortes pelo Ministério da Saúde; problemas técnicos atrasaram o registro de informações.
O virologista Rômulo Neris, mestre em Microbiologia pela UFRJ, afirma que a taxa de contágio no País poderia ser ainda maior se não fosse o “apagão” de dados. Professor da Saúde Pública da USP, o epidemiologista Eliseu Waldman adota tom mais cauteloso: ele acha difícil mensurar o quanto desse aumento se deve ao represamento de dados. Além do Brasil, países europeus como Polônia, Sérvia, Bulgária, Alemanha e Dinamarca apresentam taxas de contágio próximas de 1,30. A Grécia tem 1,47, o maior da Europa atualmente.
Fonte: Estadão