A engenharia desempenha um papel importante no desenvolvimento econômico de qualquer país, base para avanços na infraestrutura, empreendedorismo, cidades inteligentes e mais. E aqui vai uma boa e uma má notícia: o Brasil tem engenheiros ocupando 50% dos cargos executivos de presidência em empresas; no entanto, cada vez menos forma estudantes nos cursos de bacharelado.
Bem, como se pode imaginar, esse fenômeno já compromete o setor e ainda ameaça o futuro da profissão num mercado que clama por mais engenheiros qualificados. O portal Engenharia 360, explora as razões por trás de tudo isso. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Educação, a taxa de evasão nos cursos superior (2023/2024) varia entre 25% a 80%, a depender do modelo de ensino.
Diferente do que alguns possam pensar por conta das facilidades trazidas pelas tecnologias, o ensino a distância (EaD) é o que mais sofre, podendo chegar a 80%. Nas instituições públicas, a taxa está entre 25% e 30%, enquanto nas privadas varia de 40% a 50%. A questão é que, segundo o CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), no cenário ideal, o Brasil deveria formar cerca de 1 milhão de engenheiros até 2030 para atender as demandas do mercado interno. Só que, infelizmente, estamos bem distantes disso.
Fatores que contribuem para a evasão
Alguns fatores contribuem para essa alta taxa de evasão nos cursos de engenharia. Entre os principais estão: dificuldades acadêmicas – falta de preparação nas disciplinas básicas, como matemática e física; carga horária elevada — turnos irregulares e alta carga horária dificultam a conciliação entre estudo e trabalho; qualidade do ensino — deficiência na qualidade do ensino, especialmente em cursos EAD, onde o suporte aos alunos é insuficiente; desmotivação — falta de identificação com o curso e visão negativa sobre o futuro na profissão e falta de incentivo — jovens não veem a engenharia como uma profissão atraente, preferindo áreas menos desafiadoras.
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O impacto da evasão no mercado de trabalho
Como salientamos no início deste texto, a evasão nos cursos de engenharia tem repercussões diretas no mercado de trabalho e na economia do país. Atualmente, há uma relação alarmante no Brasil entre a formação em engenharia e outras áreas. Por exemplo, enquanto países desenvolvidos formam 3 engenheiros para cada 5 profissionais de áreas de administração e direito, por aqui essa proporção é de apenas 1 engenheiro para cada 11 formados nessas áreas.
A escassez de engenheiros qualificados deve levar o Brasil a uma estagnação econômica sem precedentes muito em breve. Não querendo ser pessimistas, mas cientistas, como engenheiros, são fundamentais para impulsionar inovações tecnológicas e contribuir para o crescimento sustentável do país. Então, se desacreditamos da ciência, se investimos cada vez menos em ciência e na formação técnica, vamos ficar para trás em relação a outras nações.
O papel das universidades na formação dos engenheiros
É claro que o estímulo à curiosidade e ao gosto por criação e inovação deve começar cedo, dentro de casa, quando a pessoa é ainda criança. Já citamos outras vezes aqui, no Engenharia 360, como brinquedos a exemplo do Lego aproximam as crianças da engenharia. Professores bem preparados na educação básica também devem contribuir para a promoção do gosto por ciências exatas. Enfim, todo esse conjunto de estímulos pode ser decisivo para a escolha futura da profissão.
Já quando dentro das universidades, os futuros engenheiros precisam receber uma educação de qualidade, com disciplinas que permitam os alunos ter contato mais cedo com a prática da engenharia. Além disso, é fundamental que as universidades ofereçam suporte psicológico e acadêmico aos alunos durante os períodos iniciais. Essas são medidas que ajudariam na retenção dos alunos nos cursos!
O futuro da engenharia no Brasil
O Brasil precisa de mais engenheiros! O déficit atual de engenheiros qualificados no mercado prejudica o país em sua competitividade internacional, limitando sua capacidade de inovação e crescimento tecnológico. Então, o que podemos fazer para mudar este cenário? Bom, uma coisa é certa, este esforço precisa ser coletivo, envolvendo não apenas universidades e conselhos profissionais, mas toda a sociedade.
O papel de portais, como o Engenharia 360, é ajudar na conscientização da população sobre a importância das engenharias. Mas é preciso mais, muito mais ações direcionadas ao fortalecimento das engenharias no Brasil. Melhoria na educação básica: reforço do ensino de matemática, física e outras disciplinas essenciais desde o ensino fundamental; qualidade nos cursos superiores: garantia de que as instituições, especialmente as que oferecem EAD, possuam infraestrutura adequada e professores qualificados; incentivos governamentais — políticas públicas que apoiem financeiramente estudantes e promovam a valorização da engenharia; capacitação contínua — investimentos em programas que ofereçam cursos gratuitos e suporte aos novos profissionais e aproximação com empresas — parcerias entre universidades e o setor privado podem facilitar a inserção dos engenheiros no mercado de trabalho e melhorar a formação técnica.
Incentivo à diversidade
Para concluir este texto, precisamos falar sobre a inclusão das mulheres na engenharia! É preciso incentivar mais a participação feminina na engenharia, superando fatores como estereótipos de gênero, falta de incentivo desde a educação básica e a percepção de que a profissão é predominantemente masculina.
Vamos apresentar um exemplo: segundo o CREA, em Santa Catarina – um estado com grandes investimentos em engenharia, apenas 20% dos engenheiros registrados são mulheres. É claro que esse número precisa aumentar se quisermos atender a demanda por diversidade nas empresas, alinhada aos objetivos da ONU.
Em resumo, para garantir um futuro promissor para a engenharia no Brasil, é essencial melhorar a formação acadêmica, incentivar a diversidade de gênero, incluindo a maior participação feminina na profissão, e adotar políticas públicas que valorizem a engenharia, assim, o país poderá enfrentar os desafios do mercado de trabalho e alcançar o desenvolvimento sustentável que tanto necessita. Fonte: https://engenharia360.com/