A jornalista e designer de interiores Anelise Lopes menciona duas construções que utilizaram o programa Modelagem de Informação da Construção (BIM). Localizada em um condomínio de luxo em Porto Feliz (SP) e idealizada pela incorporadora D76, a residência Alvorada 3520, uma construção de 600 m2, levou 14 meses para ir do papel à entrega das chaves, período que contabilizou seis meses de projeto e oito de construção.
O primeiro modelo concebido pela empresa tem como objetivo não ser apenas um exemplar de construção “rápido e limpo”, mas um conceito que tem de estar incorporado ao estilo de vida de quem a adquire, um vez que ela materializou todos os preceitos de tecnologia, por meio da automação (iluminação, climatização, persianas, som e segurança), e da sustentabilidade (autosuficiente).
Todo o processo teve início com o estudo climático da região para que todas as características ambientais fossem usadas a favor do projeto, como temperatura do solo para aproveitamento térmico e índice pluvial para água de reuso nos vasos sanitários e irrigação dos jardins. De acordo com a incorporadora, por exemplo, a água quente chega ao ponto de uso em 10 segundos, enquanto numa casa convencional, pode levar até 2 minutos, graças à recirculação constante da água na tubulação da casa, evitando, assim, o desperdício antes de um banho. À venda por R$ 6,9 milhões, a casa pronta para morar, além de gerar seu próprio aquecimento e iluminação, também não possui descarte de lixo orgânico, uma vez que todo material é processado internamente por meio de composteira elétrica, bacias sanitárias com trituradores e fossa com biodigestor.
O segundo modelo construtivo que conheci está na CasaCor. Com projeto do arquiteto Gabriel Sabugosa e da paisagista Elaine Kalil, o Grupo SteelCorp levou uma casa de 40 m2 para o Conjunto Nacional que pode ser desmontada e remontada em qualquer lugar (esta unidade, especificamente, foi comprada e será implantada em uma fazenda). A “construção industrializada” dura entre 300 e 400 anos, sem trinca ou umidade, e toda sua estrutura foi feita em perfis (light steel frame), – o projeto levou três meses, enquanto a produção e montagem foi feita em dez dias na fábrica. Os perfis de aço galvanizado são preenchidos com placas de cimento ou de gesso e recebem toda a estrutura elétrica e hidráulica com as paredes já montadas. Depois de construída na unidade fabril, foi transportada e montada em 24 horas na CasaCor.
De acordo com a empresa, o tempo consumido é equivalente a 50% da construção convencional, assim como a redução de ruídos e de consumo de água, além da manutenção da temperatura ambiente final entre 22 e 26 graus. A empresa não passa uma estimativa de investimento, uma vez que cada projeto pode trazer muitas variações, mas destaca que tem custos equivalentes aos das construções tradicionais com a vantagem destas inovações – o modelo construtivo pode ser aplicado a diferentes tipos de edificações com qualquer porte.
O ponto que une as duas propostas é previsibilidade gerada pelo programa BIM (Modelagem de Informação da Construção), que representa digital e tridimensionalmente todas as características de uma construção, considerando suas patologias e estudo de materiais e soluções. Por meio da inserção de dados ou do escaneamento de uma construção já existente, a implantação da ideia original à execução é baseada em todas as informações coletadas, que ficam disponíveis para uso a todo momento.
Assim, todo o processo é feito de forma integrada e organizada. Além da dependência praticamente nula de empreiteiros ou assistentes (cada etapa é executada pelo fornecedor responsável, que participa de toda elaboração do projeto), o conjunto estrutural pré-fabricado em madeira, no caso da residência Alvorada, ou em aço, no caso da SteelHouse CasaCor, permite várias operações de layout ou personalização dentro da casa. Fonte: https://www.msn.com/pt-br
© Fornecido por Estadão
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