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Entidades lamentam a perda do Museu Nacional

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) divulgou uma nota oficial a respeito do incêndio que atingiu, na noite do último domingo (2), o prédio e o acervo do históricos do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.

“A destruição o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, não pode passar em branco. Essa tragédia deve servir como um grito de basta contra o abandono, negligência e destruição da memória nacional. A realidade, lamentavelmente, é que a situação do Museu Nacional não é única. Outras tragédias iguais podem ocorrer”. Para ler a nota na íntegra, clique aqui.

A Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) publicou uma nota de repúdio a política de abandono do Museu Nacional. “O episódio é mais um exemplo do descaso e da falta de políticas públicas eficientes. Mais do que atingir o patrimônio da humanidade, o fogo desta noite no Museu Nacional no Rio de Janeiro transforma em cinzas a confiança do povo brasileiro em relação ao poder público”, diz a nota.

A diretoria do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes- SN) também lamentou a perda do patrimônio histórico. A diretoria declarou indignação com o ocorrido no Museu Nacional. “Um espaço fundamental de ciência, tecnologia, arte, cultura e educação, que é a referência na América Latina”, diz a nota. Além disso, o sindicato convocou os professores do estado do Rio de Janeiro para um ato de defesa da educação pública.

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) manifestou solidariedade aos servidores e pesquisadores do Museu Nacional e lamentou a perda irreparável para o país. “Tamanha perplexidade que toma a todos, nos defronta com o maior desafio dos museus: consolidar e implementar uma política pública que garanta, de forma efetiva, a manutenção e conservação de edifícios e acervos do patrimônio cultural brasileiro”, declarou o Instituto.

A Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo (Abea) se solidarizou com o corpo docente, discente e técnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do museu Nacional. E disse compreender a grande tarefa que tem sido para as universidades públicas seguirem alcançando os melhores índices de produção científica do país mesmo com recursos cortados ano após ano, incluindo um corte trágico e simbólico justamente no momento em que se estabelece o congelamento por 20 anos do orçamento do governo para investir em educação, em ciência, em cultura, em preservação do patrimônio.

“Se é assustador imaginar que em 2013 o orçamento para um equipamento dessa importância já era de apenas meio milhão de Reais, não há como classificar o orçamento destinado a ele este ano, de um décimo disso. O orçamento anual do British Museum, apenas para efeito de comparação, é de R$ 532 milhões”, disse o presidente João Carlos Correia, da Abea.

O professor diz ainda na nota que o investimento total nessas áreas não foge da curva do investimento num equipamento dessa importância e que representa tanto pra essas âncoras de uma sociedade. “Difícil aceitar o que, por experiência, sabemos que se segue nos próximos dias, o que segue sempre as catástrofes que são resultado direto do sucateamento dos bens públicos mais caros à nossa sociedade”, declarou João Carlos.

“A verba de um projeto de adaptação do sistema de proteção de incêndio, que seria a única coisa capaz de ajudar a conter o fogo, mesmo se não fosse a impotência com que se viram todos os batalhões de bombeiros quando perceberam que não há água nos hidrantes nem equipamento pra puxar a água do imenso lago, era 5 vezes menor do que a verba que foi concedida através de incentivos fiscais para shows internacionais que faturam milhões, independentemente dos incentivos”.

“É pesado semear cultura, educação, ciência num país tão boicotado de cima pra baixo quanto o nosso maltratado Brasil. A perspectiva é desoladora. Mas a ciência não pode parar. O ensino, a cultura e o exercício da cidadania não podem parar. Seguimos na luta. Ao lado dos professores, dos pesquisadores, estudantes, técnicos e funcionários do museu e da UFRJ, por um Brasil onde a educação, a cultura, a ciência e o patrimônio sejam valorizados e protegidos pelo governo e pela sociedade que o elege”, disse.

Fonte: CAU/BR
Foto: Tânia Rego / Agência Brasil

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