Coluna do Dal Geral

O sagrado doze

Um número é perfeito quando é igual à soma de seus divisores. O 6 é o primeiro número perfeito – seus divisores 1, 2 e 3 somados resultam no próprio 6. O próximo número perfeito é o 28. Em seguida temos o 496, e depois dele o 8.128. O próximo conhecido é da ordem dos milhões: 33.550.336. E vão rareando. Esse conceito de perfeição foi definido por matemáticos.

Para os esotéricos, o 12 também é um número perfeito. Todavia, para eles o conceito de perfeição é outro. O 12 é perfeito e também considerado sagrado por ser produto do “3 divino pelo 4 terreno”. Trata-se de um número significativo em nossas vidas: doze meses do ano, doze horas do dia e da noite, doze signos do zodíaco, doze noites santas do Natal ao Dia de Reis e assim vai.

Na Bíblia, o 12 é um número recorrente: as doze tribos de Israel, os doze livros dos profetas do Antigo Testamento, os doze discípulos, os doze apóstolos etc. O livro do Apocalipse de João é repleto de dozes. Nele, 12 é a medida da Nova Jerusalém, construída sobre doze fundamentos, com doze portas contendo o nome das doze tribos de Israel guardadas por doze anjos. Na visão do profeta João, serão 12 vezes 12 mil os escolhidos para viver nessa cidade celestial no final dos tempos. Aqui, cabem reflexões: somente 144.000 escolhidos? Apenas cerca de 25% da população de Sorocaba? Sei não… Prefiro interpretar que seja essa a população ideal de uma cidade. Talvez João tenha intuído que urbanização exagerada seria algo maléfico ao ambiente e às pessoas. Quem sabe?

Consta que na Távola Redonda da lenda britânica do Rei Arthur, o décimo segundo lugar era mantido livre para ser ocupado pelo cavaleiro que encontrasse o Santo Graal. Da mitologia sumeriana, temos que doze tábuas contam a lenda do violento rei Gilgamesh que caminhou durante doze horas na escuridão até o fim do mundo em busca da eternidade. Esse primeiro herói da mitologia ocidental teve de realizar doze tarefas que possivelmente serviram de inspiração para os doze trabalhos de Hércules da mitologia grega.

Na geometria, temos o dodecaedro – um dos cinco poliedros regulares ou platônicos, constituído por doze faces pentagonais. O pentágono, polígono com cinco lados, carrega, para os esotéricos, o “número do homem”. O pentagrama (representação do pentágono), quando tem a sua ponta voltada para baixo, simboliza a natureza pecadora do homem. Com a ponta pra cima significa integridade. O leitor saberia dizer em que posição o pentagrama representaria a maioria dos nossos políticos?

O dodecaedro pode ser entendido como uma representação simbólica entre o 5 (o homem) com o 12 (o espaço divino). Esse significado é magistralmente reproduzido no quadro “A Última Ceia” de Salvador Dalí, uma espécie de representação moderna do quadro homônimo de Leonardo Da Vinci. Para apreciar essa maravilha do genial artista espanhol, sugerimos uma pesquisa na Internet.

Segundo muitos adeptos do catastrofismo, no ano que vem ocorrerá o fim do mundo. Exatamente no dia 21 de dezembro de 2012 (21/12/12).

A previsão, todavia, seria mais expressiva se fosse para a data 12/12/12. Mas 21 é o 12 de forma invertida. Isso mesmo: haverá inversões como, por exemplo, a magnética – as agulhas das bússolas apontarão para o polo sul. Ficaremos desnorteados. Esse dia será o solstício de inverno (noite mais longa do ano no hemisfério norte).

Foram os maias que causaram essa nossa atual preocupação. Eles usavam um sistema de contagem na base vinte, utilizavam o zero nas operações matemáticas e desenvolveram um calendário mais preciso do que o nosso. Com observações astronômicas extremamente apuradas, previram o alinhamento da Terra com o Sol e o centro da nossa galáxia – a Via Láctea – para o dia 21 de dezembro de 2012. Alinhamento que realmente deverá acontecer nessa data, também prevista para o fim do mundo pelos maias.

O referido alinhamento ocorre a cada vinte e seis mil anos. Ou seja, 2012 será um ano par em que ocorrerá um acontecimento ímpar. Quem viver, não verá o próximo. Espertinhos, desses que temos às dúzias de milhares, já devem estar tirando proveito do futuro evento astronômico. Estão pagando tudo em cheque com o famoso apenso. Desta vez, “bom para 22/12/12”.

 

(⭐6/6/1946 | ➕1/7/2019)

Engenheiro civil graduado pela Poli-USP (1972), pós-graduado na área de Transportes, Adalberto Nascimento atuou como engenheiro, consultor e professor universitário.
Foi o associado n.º 1 da AEASMS, servidor municipal de carreira, ex-secretário de Edificações e Urbanismo (1983/88), de Transportes e presidente da Urbes (1993/96).
Escritor, autor de livros de crônicas e curiosidades matemáticas e membro da Academia Sorocabana de Letras. Além de publicados pelo jornal Cruzeiro do Sul, entre outros veículos, seus artigos ilustraram e continuam ilustrando o conteúdo deste site “Coluna do Dal e Desafio do Prof.º Dal”.

 

 

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