Não é segredo para ninguém que a Amazônia é um dos maiores tesouros naturais do Planeta e os cientistas alertam para a importância da sua preservação. Aliás, a resposta para muitos de nossos problemas está nesta floresta. Quer um exemplo? Vamos falar da Miriti, um tipo de palmeira que por séculos é utilizada pelas comunidades locais para a produção de artesanato e objetos do cotidiano. Pois essa planta pode revolucionar a construção civil, substituindo o tradicional isopor.
Alternativas sustentáveis na construção civil
Atualmente, o setor da construção civil enfrenta alguns desafios, como lidar com materiais mais eficientes e sustentáveis. E a indústria tem trabalhado bastante para encontrar alternativas que minimizem o impacto da engenharia sobre o meio ambiente. Pesquisas científicas levaram ao desenvolvimento do poliestireno expandido, que é um dos materiais mais utilizados hoje em projetos de edificações, sendo utilizado como isolante térmico.
O problema é que ele não é biodegradável, podendo levar séculos para se decompor e contribuir drasticamente para a poluição ambiental. Além disso, é altamente inflamável e libera gases tóxicos quando queimado. Pensando nisso, profissionais da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram o que eles chamam de isopor da Amazônia. Trata-se de um material totalmente natural e renovável, feito a partir da miriti. Essa pode ser a solução mais ecológica e economicamente viável para substituir o poliestireno expandido na construção civil.
Imagem de arquivo pessoal reproduzida de ABRAINC via O Estadão
A miriti empregada na construção civil
A palmeira miriti ou buriti, como também é conhecida, é uma planta já muito utilizada pela construção para a cobertura de casas. Para várias comunidades da Amazônia, essa prática é um meio de geração de renda, famílias dependem disso para a sua subsistência – sem degradar o ambiente. O plantio da espécie é até bem simples; e a produção de objetos na sequência não envolve uso de produtos químicos agressivos.
No final, tem-se peças leves, resistentes e duráveis.A saber, o isopor da Amazônia é desenvolvido a partir de um componente derivado das folhas da miriti, o pecíolo. Painéis feitos desse material podem ser excelentes isolantes de edificações, além de serem 100% biodegradáveis, produzidos com a mínima perda de matéria-prima.
Aplicações práticas
Os painéis de isopor da Amazônia podem ser utilizados em diversas aplicações, desde a construção de casas emergentes até a criação de estruturas permanentes, oferecendo muito conforto e eficiência energética aos ambientes. Um exemplo prático que podemos citar é a construção de casas emergenciais ou casas provisórias em áreas atingidas por desastres naturais.
A produção do isopor da Amazônia
Estamos em um momento da história da Engenharia em que, de modo positivo, as pessoas estão tomando mais consciência sobre a importância da sustentabilidade e preservação ambiental. Além disso, os cientistas brasileiros estão descobrindo a resistência e as propriedades térmicas e mecânicas excepcionais da miriti. Ela é agora reconhecida como isolante natural, podendo substituir o isopor convencional nas obras de construção civil. Claro que falta garantir que o produto possa ser usado em larga escala.
Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) já começaram a investigação. Inicialmente, a equipe se deparou com um dado importante. Eles descobriram que durante o processamento da palmeira miriti cerca de 50% do material é perdido. E para resolver esse problema, desenvolveram um método que utiliza pedaços inteiros para a fabricação de painéis de isopor da Amazônia.
Vantagens dos painéis
O uso de painéis térmicos feitos com miriti oferecem diversas vantagens para a construção civil, incluindo: baixo custo de produção e transporte de materiais para erguer as estruturas; produção limpa de obras com material biodegradável cultivado em sistemas agroflorestais; redução do consumo de energia e maior conforto térmico das arquiteturas e elementos de edificações com maior resistência a impactos e umidade do que o isopor. Ao utilizar o isopor da Amazônia, a Engenharia Brasileira valoriza o conhecimento tradicional e a biodiversidade local, o país fortalece sua identidade e contribui para um futuro mais justo e sustentável.
Imagem de arquivo pessoal reproduzida
de ABRAINC via O Estadão
O futuro da construção com o isopor da Amazônia
A substituição do poliestireno expandido por materiais mais naturais, como o isopor da Amazônia, representou uma revolução verde na Engenharia. No entanto, antes do mitiri ser uma alternativa viável para a construção civil em todo o país, é preciso investir em mais pesquisas sobre desenvolvimento e produção em larga escala.
Além disso, é fundamental conscientizar a sociedade sobre respeitar a natureza, consumir produtos sustentáveis e apoiar iniciativas que promovam economia circular. É fundamental que os cientistas busquem parcerias com empresas que compartilhem a visão de inovação sustentável e estejam dispostas a investir na produção desse material. Contudo, é imprescindível manter o foco na preservação da floresta amazônica, incluindo a conservação dos buritizais. Fonte: https://engenharia360.com/