O conceito de cidades inteligentes surge como uma solução para mitigar os efeitos das alterações climáticas e organizar melhor as cidades para evitar novas catástrofes. “Esse é o desafio do gestor público, que precisa enxergar as particularidades da sua cidade e associá-las às novas tendências”, afirma o Eng. Civ. Joni Matos, diretor administrativo do Crea-SP. “A elaboração de um plano diretor sem a participação de um especialista em cidades inteligentes pode estabelecer diretrizes descompassadas”, complementa. De acordo com a ONU, o desafio das cidades no século 21 está voltado à crise climática. “Temos acompanhado o aumento na frequência dos relatos desses fenômenos, cada vez mais intensos”, cita o meteorologista e conselheiro do Crea-SP, Ricardo Hallack.
Projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) indicam um aumento entre 1,8ºC e 4ºC na temperatura média global nos próximos 100 anos e um aumento do nível médio do mar entre 0,18 m e 0,59 m, o que pode afetar todo o ecossistema das cidades.
“A população fica à mercê dos fenômenos meteorológicos porque não tem como se precaver por falta de planejamento urbano. Um dos graves problemas do Brasil é moradia em regiões de risco. Porém, faltam estudos e iniciativas para evitar que as pessoas povoem esses locais”, reforça Hallack.
As regiões de risco já foram mapeadas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Nacionais (Cemaden), mas Hallack observa que falta direcionamento dos recursos públicos federais para essas áreas. “Não podemos ignorar o fato de que, se ficarmos parados, sem tomar nenhuma providência para estancar problemas óbvios, comprometeremos o futuro das outras gerações.”
Além da necessidade de direcionar os investimentos, o meteorologista ressalta a relação entre os fenômenos registrados em todo o Brasil, caso das tempestades de poeira em São Paulo e Mato Grosso, que até então não eram observadas. “Com as grandes queimadas na região da Amazônia, por exemplo, o arco de desmatamento avança ano a ano e é visível pelos satélites. Falar que desmatar a Amazônia não terá efeito nenhum nos fenômenos meteorológicos no resto do Brasil é uma leviandade científica”, conclui o meteorologista.
Atuando de forma efetiva para mudar este cenário, o Crea-SP desenvolve diversos projetos. Um exemplo dessas iniciativas é o Colégios de Inspetores, evento que, em sua última edição, promoveu 10 encontros em diferentes regiões do estado de São Paulo, com o objetivo de fortalecer o debate sobre cidades inteligentes e auxiliar os municípios na produção de diagnósticos sobre os potenciais e desafios de cada região.
Durante os encontros foram elaboradas mais de 160 propostas pelos profissionais da área tecnológica. Com isso, os governos municipais e estadual terão à sua disposição diagnósticos com sugestões de melhorias baseados na realidade de cada cidade paulista para que possam implementar planejamentos eficazes, que vão ao encontro das especificidades locais.
Fonte: Crea-SP