Projeto de revitalização do Centro de Sorocaba anunciado pela prefeitura não ouviu engenheiros ou arquitetos

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Projeto de revitalização do Centro de Sorocaba anunciado pela prefeitura não ouviu engenheiros ou arquitetos

As entidades que representam profissionais da engenharia e da arquitetura afirmam que não foram consultadas sobre o projeto de revitalização da região central de Sorocaba, em especial no que se refere a cobertura de vias, incluindo o Boulevard Braguinha. O plano foi anunciado pela Prefeitura de Sorocaba no final de julho.
O engenheiro elétrico Heverton Bacca, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba (Aeas), lembra que a instituição faz parte do Conselho de Planejamento de Sorocaba, porém não foi informada e não fez parte do projeto de revitalização do Centro da cidade. “Recebemos o contato da Associação Comercial de Sorocaba (Acso) sobre o assunto, porém a questão não avançou. É necessário ressaltar que, para o sucesso do projeto, é fundamental que haja profissionais da área de engenharia envolvidos”, lembra. “Por essa razão, não conseguimos ter um posicionamento sobre nenhum aspecto do projeto em si, pois não tivemos acesso”, acrescenta.

O engenheiro civil Henrique Deliberali, diretor patrimonial da Aeas, afirma que a conservação, reforma, ampliação, construção, de aparelhos públicos faz parte do desenvolvimento de toda cidade. “No entanto dever ser planejada com a participação de todos setores e entidades de classe da cidade, principalmente a Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Sorocaba, que possui entre seus associados, renomados e experientes engenheiros e arquitetos”, diz.

Projeto visa revitalizar os boulevards Braguinha e Barão do Rio Branco — Foto: Prefeitura de Sorocaba/Divulgação

Projeto visa revitalizar os boulevards Braguinha e Barão do Rio Branco — Foto: Prefeitura de Sorocaba/Divulgação

Edificações x descaracterização

O Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), núcleo de Sorocaba, também acompanha o caso, mas diz que não foi procurado formalmente para tratar da situação. A arquiteta Sandra Lanças afirmou que a entidade não teve acesso ao projeto e, por isso, não poderia opinar sobre detalhes específicos do caso. Entretanto, reforça que seria importante para avaliar, principalmente, sob o aspecto do patrimônio histórico e arquitetônico. “Temos alguns exemplares de edificações que gostaríamos que não fossem descaracterizados. Os que têm fachadas importantes em termos arquitetônicos, são exemplares de outra época”, afirma.

Ela também concorda que o processo de revitalização é um trabalho no qual várias instituições devem ser ouvidas. “É até melhor. Às vezes, ajuda, inclusive, o projeto proposto a ser adequado a todas as partes, além de seguir a legislação pertinente em termos de segurança, estrutura, iluminação e bombeiros.”

E, segundo Lanças, o conjunto do resultado final deve, na medida do possível, ser qualitativamente algo positivo pra cidade. “Trazendo aquela qualitativa imaterial urbanística e arquitetônica que marca ironicamente o lugar é sua época de intervenção”, termina.

Em material divulgado à imprensa, a Prefeitura de Sorocaba afirmou, sem dar detalhes, que o projeto contará com a participação de vários setores e de associações ligadas ao Centro, havendo a possibilidade, ainda, da realização de uma audiência pública sobre o assunto na Câmara Municipal.

Outras tentativas

O ex-vereador Osvaldo Duarte lembra que não é a primeira vez que se tenta fazer esse tipo de trabalho no Centro de Sorocaba, em especial no que refere à cobertura de vias. Segundo ele, uma dessas tentativas ocorreu durante a gestão de Renato Amary, possivelmente entre 2001 e 2004. À época, conforme ele, o projeto não vingou. Entre as polêmicas estava a questão envolvendo a segurança e o Corpo de Bombeiros. “Se precisa de autorização para um bar, imagina para uma rua”. comenta. Na ocasião, o projeto não passou pela Câmara de Sorocaba.

Duarte relembra que o processo de implantação da Braguinha, como Boulevard, começou entre os anos de 1970 e 1980. Poucos anos após a implementação, o local já precisou passar por adequações, que incluiu, em partes, a retiradas de postes de iluminação. Por fim, Duarte afirma que não se pode opinar sobre o que está em tratativa atualmente, já que ele não teve acesso ao projeto.

Antonio Carlos Sartorelli, comerciário aposentado, conta que estava presente quando objetos foram colocados no local. “Em 1979, eu trabalhei no Edifício Francisco Paulo Simone, esquina da Braguinha com a Praça [Fernando Prestes] e vi a colocação dos bancos, floreiras e os orelhões colocados”, conta.
De acordo com ele, os bombeiros afirmaram à época que, em caso de ocorrência de incêndio na via, esses bancos, floreiras de concreto e os orelhões seriam um impedimento para as viaturas e, por isso, houve a necessidade de adequação.

Fonte: https://g1.globo.com

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