O Banco Central (BC) deve divulgar, até o final do ano, um relatório com os resultados da primeira fase do projeto-piloto do Drex, que foi finalizada no primeiro semestre. A informação foi dada por Fabio Araujo, coordenador do projeto de criação do Drex no Banco Central, no Criptorama, durante evento dedicado às criptomoedas realizado em São Paulo. Um novo relatório deve ser divulgado em meados de 2025 já com os resultados da segunda fase, antecipou Araújo.
Originalmente, o Drex estava previsto para entrar em circulação no fim deste ano ou no início de 2025, mas a primeira fase de testes detectou problemas para preservar a privacidade dos usuários. Com o imprevisto, o desafio da próxima etapa do Drex, segundo o coordenador, é encontrar uma solução escalável que combine privacidade e velocidade. “O ambiente que estamos construindo deve trazer a facilidade e segurança que as criptomoedas estão trazendo às pessoas”, disse ele, no evento.
Desafios do Drex
A nova geração, que nasce nativa digital, demanda velocidade e novos hábitos, observou Guto Antunes, head do Itaú Digital Assets: “Isso envolve não apenas a transição digital, mas também a necessidade de transformar a tokenização em uma experiência simples, fluida e invisível para o cliente, algo que já acontece com serviços como Netflix e Spotify”, afirmou. O Itaú participa da segunda etapa do piloto do Drex com crédito colateralizado em CDB (Certificados de Depósito Bancário), em parceria com o Banco do Brasil e o Bradesco.
Criar um projeto de governança que não coíba inovação é outro problema que os bancos terão de enfrentar daqui para frente, argumentou Jayme Chataque, responsável pela unidade de negócios de ativos digitais e blockchain do Santander Brasil. “Talvez a gente não consiga fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Talvez a gente tenha que priorizar a governança e a estabilidade e assumir que vão existir outras redes com uma governança mais simplificada para incentivar a inovação”, analisou o executivo.
O Santander participa da segunda fase de testes do Drex com três projetos: tokenização de automóveis, em parceria com a B3 e o banco BV; tokenização de debêntures, desenvolvida junto com o BTG e o Bradesco; e tokenização do Crédito de Descarbonização (CBIO), ativo verde criado pela política RenovaBio do Ministério de Minas e Energia em 2017.
Vantagem do Drex
Em meio a tantos desafios, a tecnologia promete vantagens imediatas para clientes e bancos. As principais, segundo o Banco Central, são simplificar e reduzir os custos dos serviços financeiros no país. Na avaliação de Araújo, a plataforma pode ajudar a reduzir o spread bancário brasileiro e as taxas de corretagem cobradas em transações imobiliárias. “A tecnologia traz novos participantes do mercado. Hoje, para viabilizar um projeto de captação do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), é preciso captar R$ 50 milhões, mas em um ambiente tokenizado, mesmo sem estar em um ambiente totalmente regulado, você consegue realizar o projeto com captação de R$ 2 milhões”, exemplificou. Fonte: https://epocanegocios.globo.com