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Entenda os principais problemas em pontes e viadutos e como é possível preveni-los e solucioná-los

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT) trabalha há décadas com inspeções e análises estruturais de pontes e viadutos, com o objetivo de avaliar a segurança e a integridade estrutural das obras. Estabelecer diretrizes para manutenção e recuperação das estruturas é parte fundamental do processo.

Com base nesse conhecimento, o IPT lista algumas dúvidas fundamentais sobre o assunto. As respostas foram fornecidas pelo pesquisador Ciro José Ribeiro Villela Araújo, responsável pela Seção de Engenharia e Estruturas do Instituto. Confira:

Qual a diferença entre pontes e viadutos?
Ciro: Pontes e viadutos são estruturas consideradas no meio técnico como Obras de Arte Especiais (OAEs), e possuem a função de transpor obstáculos. Quando esses obstáculos são, por exemplo, cursos d`água, lagos e regiões sobre o mar, essas estruturas são denominadas pontes, e quando transpõem ruas, rodovias, avenidas, ferrovias, áreas secas, entre outros, são chamadas de viadutos.

Quais fatores influenciam na degradação de construções como essas?
C: A degradação das pontes e viadutos, seja em estruturas de concreto, madeira ou metálicas, está vinculada a questões como a idade que estas estruturas possuem, o uso ao qual foram projetadas, a exposição ao meio ambiente onde está inserida (região rural, urbana, industrial e litorânea, por exemplo) e a falta de atividades de manutenção. Os trabalhos de manutenção devem estar associados ao conhecimento da origem do processo de deterioração, para que seja possível utilizar tratamento adequado às anomalias observadas.

Quais os principais problemas decorrentes desses fatores, e como eles afetam o usuário?
C: São diversos os problemas decorrentes da ausência de inspeções e manutenções periódicas. Nas juntas de dilatação, que são separações na superestrutura que permitem a movimentação do tabuleiro decorrente da variação térmica e da frenagem de veículos, pode haver, por exemplo, infiltrações de água pela ausência ou por danos do material de vedação das juntas, saliências ou depressões, e falta de estanqueidade.

Outro problema está no sistema de drenagem, que deve permitir o escoamento adequado das águas superficiais, com inclinações nos sentidos transversais e horizontais, direcionando-as aos sistemas de captação de águas pluviais (drenos), evitando-se o empoçamento sobre a pista e, consequentemente, o risco de acidentes. Além disso, a presença de água pode acelerar o processo de degradação dos materiais constituintes da OAE.

Também, como outros exemplos, têm-se o uso inadequado da estrutura excedendo o peso para o qual foi projetada, a degradação das armaduras dos elementos estruturais pelo processo de corrosão, pavimentos danificados, aparelhos de apoio da ponte deslocados ou danificados, entre outros.

Como esses problemas podem ser identificados?
C: O Brasil conta com a norma técnica, a ABNT NBR 9452:2016 ’Inspeções de pontes, viadutos e passarelas de concreto – Procedimento’, que estabelece parâmetros estruturais, de durabilidade e de funcionalidade quanto à inspeção das pontes e dos viadutos, de modo que, para cada parâmetro analisado, são atribuídas notas de classificação, sendo elas: crítica (1), ruim (2), regular (3), boa (4) e excelente (5).

Essa classificação permite uma visão qualitativa e quantitativa do estado de conservação, refletindo o quanto podem ser graves os problemas detectados. De acordo com ela, devem ser realizados quatro tipos de inspeções: cadastral, rotineira, especial e extraordinária.

As inspeções cadastrais têm a finalidade de montar um registro da estrutura. É a primeira a ser realizada, logo após conclusão ou alguma alteração da obra.

As inspeções rotineiras são atividades para acompanhar o estado de conservação e detectar possíveis anomalias, devendo-se ter periodicidade de um ano. Nesse tipo de inspeção é possível verificar a evolução de problemas e os reparos já feitos, bem como novas ocorrências. É ela que dá suporte às inspeções especiais.

As inspeções especiais diagnosticam de maneira mais precisa as patologias e indicam as atividades de manutenção a serem realizadas. Essa inspeção deve ser realizada a cada cinco anos, podendo ser estendida em até oito anos, desde que se enquadre como obras de intervenção em longo prazo, ou seja, com notas de classificação 4 (boa) e 5 (excelente), e que permita condições totais de acesso a seus elementos constituintes, realizadas nas inspeções rotineiras. Para a realização dessas inspeções, é necessária a utilização de meios e equipamentos que permitam a aproximação aos locais, áreas e pontos inspecionados da estrutura.

As inspeções extraordinárias estão associadas às necessidades não programadas, por ocorrência de impactos de veículos, trens ou embarcações nas obras, ocorrências de eventos da natureza, como inundações, vendavais, sismos e outros, e quando é necessário avaliar mais criteriosamente um elemento ou parte da obra de arte especial.

Por que é importante a manutenção de pontes e viadutos?
C: As manutenções em OAEs são trabalhos destinados à preservação do patrimônio, visando manter e prolongar os aspectos estruturais, funcionais e de durabilidade das obras, retardando possíveis anomalias e tratando as que se desenvolvem ao longo da vida útil das estruturas. O programa de manutenção, associado a uma gestão de atividades de inspeção, deve ser previsto para toda a vida útil da estrutura, com início a partir da sua fase de construção, identificando o real estado das obras, analisando e diagnosticando as suas condições, de modo que sejam planejadas e priorizadas as intervenções efetivamente necessárias, permitindo a elaboração de orçamentos mais realistas.

Quais as principais consequências da falta de manutenção de pontes e viadutos?
C: Além da diminuição da vida útil da estrutura, a falta de manutenção das OAEs gera custos muito altos pois, devido ao mau estado de conservação, as obras necessitam de manutenções e intervenções emergenciais, resultando em elevadas despesas com reparos e reforços.

Fonte: IPT
Foto: Pedro Henrique Negrão / Jornal Cruzeiro do Sul

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