O Google planeja inaugurar seu Centro de Engenharia em São Paulo somente em 2026, mas já tem vagas abertas para o futuro espaço. A empresa não projeta um número exato, mas espera contratar centenas de pessoas para cargos que vão do nível de estágio até liderança. As novas oportunidades incluem as áreas de engenharia de software, segurança, ciência de dados, entre outras.
Quem for contratado vai começar a trabalhar em outros escritórios do Google e, posteriormente, poderá ser realocado para o futuro Centro de Engenharia. O primeiro espaço do tipo da empresa no Brasil, em Belo Horizonte, tem cerca de 200 funcionários. A expansão da equipe no país é resultado da parceria que o Google firmou para ocupar um prédio de 7.000 m² no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), nos arredores da Universidade de São Paulo (USP). “Isso é um dos passos na nossa jornada de mostrar que o Brasil é uma potência para talentos de engenharia e chave para o ecossistema global de inovação do Google”, disse Alexandre Freire, diretor de engenharia do Google no Brasil e líder do projeto de implantação do novo espaço da empresa em São Paulo.
Freire explicou que os profissionais não serão contratados apenas para traduzir produtos da empresa para o português: “Vamos criar coisas aqui no Brasil que depois lançaremos para o resto do mundo”. E o líder de recrutamento da empresa na América Latina, Daniel Borges, destacou o que é valorizado em candidatos nos processos seletivos da companhia.
Os executivos adiantaram que: o Google vai contratar profissionais de diversos níveis e prepara um programa de estágio para sua equipe na cidade de São Paulo, bem como vagas exclusivas para pessoas pretas e pardas e pessoas com deficiência; do ponto de vista técnico, a empresa valoriza desenvolvedores que consigam trabalhar em várias posições na área de programação e que entendam conceitos básicos de ciência de computação, como escrever códigos eficientes; vagas de engenharia de software exigem habilidades em inglês e experiência com linguagens de programação, além de graduação na área; vontade de aprender coisas novas, trabalho em equipe e liderança são alguns dos valores buscados pela área de recrutamento.
Como será o Centro de Engenharia?
O Google anunciou em fevereiro o plano de criar na cidade de São Paulo o seu segundo Centro de Engenharia no Brasil – já existe um em Belo Horizonte, inaugurado em 2005, que também foi o primeiro do tipo para a empresa na América Latina. O espaço na capital paulista será usado principalmente na criação de soluções de privacidade e segurança para o Google, mas também será aberto para pessoas de fora participarem de cursos e treinamentos relacionados a ferramentas da empresa. A estrutura também será usada para abrigar um espaço de acessibilidade, em que desenvolvedores e autoridades poderão testar ferramentas usadas na internet por pessoas com deficiência e discutir como torná-la mais inclusiva.
Vagas disponíveis
O Google já tem dezenas de vagas abertas em seu site para trabalhos como cientista de dados e consultor de segurança e privacidade — carreiras que estão em alta no mercado —, engenheiro de software e gerente de produto. Haverá posições exclusivas para pessoas pretas e pardas e pessoas com deficiência.
A empresa espera ampliar a lista de oportunidades em diversos níveis. “Vamos trazer bastante gente em início de carreira com um programa de estágio que vamos lançar em São Paulo”, adiantou o diretor de engenharia Alexandre Freire. “Mas também vamos contratar pessoas em posições de liderança”.
O que o Google procura em profissionais?
Desenvolvedores do Google trabalham principalmente com linguagens de programação TypeScript, Java, C++ e Go. Mas o diretor de engenharia explicou que a empresa busca profissionais capazes de atuar em várias posições. “No Google, temos um perfil bem generalista. Engenheiro de software deve poder resolver os problemas do stack inteiro [ou ‘full stack’, nome dado para desenvolvedor que pode atuar em todas as áreas de programação”, disse Freire.
Mais do que saber linguagem e pacote de programação em alta, “o importante é ter a base sólida dos conceitos fundamentais de ciência da computação que não vão sair de moda”, disse o executivo. Uma das qualidades valorizadas pela empresa é a capacidade de criar códigos que não consumam a capacidade de servidores de forma desnecessária. “Na nossa escala, o pessoal precisa saber escrever um algoritmo eficiente e conseguir explicar quanto tempo vai demorar para rodá-lo”.
E a empresa também costuma valorizar características pessoais de seus contratados. “Do meu ponto de vista, duas coisas importantes são a vontade de aprender e não ter medo de desafios que parecem ser impossíveis. Tentamos sempre ter impacto enorme em escala inimaginável. Se você entrou aqui, é para resolver problemas grandes para bilhões de pessoas. Tem que estar com essa gana de poder encarar desafios que parecem ser muito grandes”, afirma.
O executivo destaca ainda que a empresa busca profissionais que demonstrem capacidade de colaboração. “Você deve ser uma pessoa que sabe jogar em time. Pode ser um superespecialista, mas você só vai ter um impacto maior se você trabalhar junto com os seus colegas”.
Alexandre Freire, diretor de engenharia do Google no Brasil — Foto: Divulgação/Google
Daniel Borges, líder de recrutamento do Google na América Latina, pontuou que a liderança também é uma característica buscada em profissionais de todos os níveis. “Medimos a liderança por meio da capacidade de resolver problemas de forma autônoma e proativa e conseguir navegar por situações ambíguas. Esses são atributos de Googleyness (termo utilizado para definir características e comportamentos valorizados pelo Google)”, afirmou.
Como é o processo seletivo no Google?
No processo seletivo, o Google busca entender como as experiências dos candidatos se relacionam com o cargo que eles estão buscando. “Para vagas de engenharia de software, o Google exige graduação nas áreas de ciências da computação ou engenharia de software, ou experiência prática equivalente, além de habilidades de comunicação em inglês e experiência com linguagens de programação”, explicou Borges.
Para vagas de profissionais de tecnologia da informação (TI), a seleção costuma ter as duas etapas abaixo após o recebimento do currículo: contato com o recrutador, que buscam identificar como o candidato lida com resolução de problemas e vivencia seu dia a dia no trabalho; entrevistas técnicas sobre código e design de sistemas, em que são discutidos temas como estrutura de dados e algoritmos.
Imagem de projeto do centro de engenharia do Google em São Paulo, previsto para ser inaugurado em 2026 — Foto: Divulgação/Google
As exigências variam de acordo com o grau de experiência esperado na vaga. O profissional de nível intermediário “deve ser capaz de conduzir o desenvolvimento e o progresso dos projetos, além de resolver problemas e orientar os membros mais juniores do time”. Já a liderança “deve ser responsável pelos resultados e saber como resolver problemas complexos, ao mesmo tempo em que inspira e influencia os demais”. O Google também conta com esta página, em que oferece detalhes sobre como as contratações são feitas, e um canal no YouTube com dicas sobre cada posição.
E se o candidato não atender aos requisitos?
A empresa diz que tem um compromisso de aumentar a representatividade em sua força de trabalho ao redor do mundo e, por isso, além de se inscrever em cursos, é possível concorrer a vagas em programas de inclusão do Google. Um deles é o Prep Tech, que dá a mulheres e/ou pessoas que se declaram pretas, pardas e indígenas um curso preparatório para o processo seletivo na área de engenharia de software.
O programa está com inscrições abertas até 12 de maio, e as inscrições podem ser feitas neste link. O curso será realizado pela internet e vai durar quatro meses. Os selecionados vão estudar dados, algoritmos e inglês, além de acompanhar palestras de funcionários do Google e participar de um programa de mentoria.
Imagem de projeto do Centro de Engenharia do Google em São Paulo, previsto para ser inaugurado em 2026 — Foto: Divulgação/Google